Reflexão do Evangelho – Domingo, 03 de junho


Reflexão do Evangelho – Domingo, 03 de junho
Mc 2,23-3,6 - Colheita de espigas no dia de sábado


 O ritmo sacro da semana encerra-se no sábado, marcado por um dia de encontro cultual e de repouso, de santificação e de bênção para todos, escravos e livres. É um dia reservado, especialmente, à oração e à meditação, alimentos espirituais necessários à vida interior; é também um dia de festa para celebrar a bondade de Deus e a grandeza de sua obra criadora.
 Um dos traços característicos do dia de sábado, segundo o Deuteronômio (5,15), era celebrar a liberdade concedida por Deus ao povo, que estivera cativo no Egito. Louva-se a Deus por sua obra, perfeita em seu todo, também em suas partes, e se reconhece o desejo divino de um mundo de paz e de liberdade. 
No tempo de Jesus, dava-se importância exagerada à observância do sábado. Alguns rigorosos observantes da Lei ficaram escandalizados ao verem os discípulos do Mestre, no dia de sábado, movidos pela fome, colherem umas espigas de trigo. E aproveitaram a oportunidade para responsabilizá-lo, acusando-o de ter dispensado seus discípulos das obrigações legais, aceitas por todos.
Em resposta, o Mestre se reporta a Davi, que entrou na casa de Deus e deu os “pães de proposição” aos seus companheiros famintos, direito que cabia unicamente aos sacerdotes. E Ele os critica pelo rigorismo demonstrado, pois se há de ver a observância do sábado não como uma lei tirânica, mas como o dia da semana que recorda a disposição benevolente de Deus, em seu desejo de proteger o povo, em sua vida e em seu trabalho.
Jesus não está se posicionando contra a Lei, mas contra as obrigações formais, que esvaziavam a Lei do seu sentido religioso e a tornavam pesado fardo colocado sobre os ombros do povo. O seu bastão não é sinal de poder, mas de liberdade! Ele é o Filho Homem que veio buscar o bem da humanidade, e transformar as pessoas a partir de dentro para fora. Só é digno do poder quem se coloca a serviço das pessoas para fazer o bem, de modo particular, no dia de sábado.
E, mais uma vez, Ele reitera: “O sábado foi feito para o homem, não o homem para o sábado”, suscitando a ideia de que aqueles que têm a Lei de Deus no coração jamais deixam de realizar, inclusive no sábado, as obras de caridade e os atos de misericórdia para com o próximo. Ele fala para todos. Com palavras claras e insistentes, Ele quer conduzi-los à verdadeira fonte de sua relação única e irrepetível com Deus: a misericórdia divina, pessoal e livre.  
Sem se perturbar, como que para explicitar suas palavras, Jesus entra numa sinagoga e cura a mão atrofiada de um homem, lançando notável desafio: “Será permitido no sábado fazer o bem ou fazer o mal? Salvar ou tirar uma vida? ”. Seu amor é imenso! Destaca S. Cirilo de Alexandria: “Eles são convidados a praticar as obras de misericórdia que Deus espera de todos nós”.
 No fundo, sem desprezar o antigo, importa construir um novo edifício, no qual presidam a caridade, a fé e a atitude espiritual interior, manifestadas no “fazer o bem”; é necessário derrubar o muro, erguido ao redor da Lei, e estar disponível para “ajudar um homem infeliz”, obra sabática por excelência.



†Dom Fernando Antônio Figueiredo, ofm

Comentários

  1. Para mim fica claro que a qualquer dia e hora, em qualquer lugar e para todas as pessoas, devemos praticar sempre o bem, em atos e palavras.

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