Reflexão do Evangelho - Domingo, 02 de Setembro
Reflexão
do Evangelho
Domingo,
02 de setembro
Mc
7,1-8;14-15.21-23 - Diálogo com os fariseus
Perante
Jesus, estavam alguns rigorosos observantes da Lei, os fariseus.
Jesus os recrimina. Não porque fossem rigorosos observantes da Lei.
Não! Mas por causa da hipocrisia deles; escondiam-se por detrás de
uma prática meramente exterior da religião. Sentiam-se intocáveis
e, no dizer de S. Clemente de Roma: “Louvavam com os lábios,
porém, o coração deles não era leal a Deus, nem eles eram fiéis
à sua Aliança” (Carta
aos Cor. 15, 1-4).
Permaneciam fechados em si mesmos, pois se consideravam inspirados ou
iluminados por Deus. Apresentavam-se a modo de um partido intolerante
e faccioso.
Embora
afirmassem, na realidade, eles não se colocavam diante de Deus, e,
por isso, a ideia de conversão ou mudança no modo de pensar e agir
não lhes passava pela cabeça. Nem mesmo se deixavam interrogar
pelas palavras do Senhor, o que lhes permitiria um crescimento
interior e a abertura espiritual para vislumbrar a ação
diversificada e enriquecedora da graça divina. Ciente da dificuldade
que eles tinham de admitir uma possível consciência pesarosa de sua
situação, Jesus aproveita uma pequena abertura, presente na alma e
na mente deles, para buscar estabelecer um diálogo.
Numa
tentativa surpreendente, Jesus lhes dirige a “Palavra”: sem
laivos de vingança ou acusações, simplesmente, com o intuito de
levá-los a viver a vocação, para a qual todos foram chamados e que
constitui o sentido último da Lei: a justiça e o amor, que, quando
não observados, todas as demais prescrições tornam-se pura
hipocrisia.
Muito
embora saiba que, mesmo uma lei sancionada por um Juiz seja menos do
que a “Palavra”, dabar
em hebraico, lógos
em grego, na qual foi selada a Aliança entre Deus e o seu povo,
Jesus não se apresenta como uma instância legisladora ou
judiciária.
Portanto,
para Ele, não observar a Aliança, significa não estar buscando
seriamente viver a justiça e o amor, o que, mais do que uma
transgressão moral, expressa o não cumprimento de um mandamento: é
uma transgressão religiosa, pela qual se nega a vontade divina e não
se cumpre a palavra dada.
Eis
a razão pela qual Jesus os recrimina e os chama de hipócritas:
afastando-se do nível da vida e da sabedoria divina, eles
negligenciaram a Aliança e se apegaram aos códigos rituais e civis.
Com efeito, intransigentes e autoritários, eles esvaziaram as
obrigações formais e as prescrições rituais do seu sentido
religioso, e as transformaram em pesados fardos, que colocaram sobre
os ombros do povo.
Assim,
envoltos no manto da hipocrisia, tornaram-se sempre mais autoritários
e insensíveis; ao invés, Jesus se revela profundamente humano,
encantando a todos, por sua ação misericordiosa e bondosa.
+Dom
Fernando Antônio Figueiredo, ofm
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