Reflexão do Evangelho – Domingo, 12 de agosto
Reflexão
do Evangelho – Domingo, 12 de agosto
Jo
6,41-51 – Eu sou o pão da vida
A
gratidão em S. Agostinho
Em
S. Agostinho, a gratidão assume a forma de uma oração de
reconhecimento pelos benefícios concedidos por Deus, mediante uma
prática vivida com simplicidade e fidelidade.
Embora,
após a leitura de Hortensius, obra de Cícero, Agostinho
abrace ardorosamente a vida filosófica, ainda há algo que o deixa
intranquilo e insatisfeito. Seu coração estiolava!
Mas,
ao ouvir S. Ambrósio, o louvor e a gratidão envolvem seu ser e ele
é conduzido ao sentido “escondido” dos textos bíblicos: “Se,
compreendidos segundo a letra, pareciam ensinar um erro, agora, eles
mostram sua significação espiritual” (Conf. V,13),
conduzindo-o para o alto (ab interioribus ad superiora), para
a própria realidade de Deus.
Então,
uma verdadeira revolução mística se realiza em sua vida: todas
suas energias naturais e sua própria identidade pessoal se orientam
para acolher a ação divina, inflamando-o com a chama inextinguível
da esperança. Iluminado, ele corre ao encontro do Cristo,
assemelhando-se sempre mais a Ele.
Em
Óstia, já a caminho de sua terra natal, ao lado de sua mãe, ele
agradece, louva a Deus, e, num ardentíssimo apelo, exclama: “Voamos
para atingir, numa iluminação de pensamento, a eterna sabedoria que
está acima de todas as coisas” (Confissões IX,10). E aí,
ele, porção da criatura humana (portio creaturae tuae),
canta e agradece a Deus pela sua presença transbordante, dizendo, no
âmago do seu coração: “Tu és mais íntimo a mim do que eu a mim
mesmo”.
É
sua ascensão para Deus, graças à pessoa de Cristo, o Filho amado
do Pai, que deu sua vida para que todos participassem de uma vida
duradoura e imortal. É Ele o “pão descido do céu”, que
permanece entre nós, dom concedido à humanidade, de modo
definitivo.
Ao
receber a Eucaristia, diz-nos Agostinho: “Tornamo-nos Aquele que
recebemos”. É maravilhoso! A divinização (théosis) e a
unidade (hénosis) fundem-se numa única realidade, luz ou
reflexo dos Raios divinos em sua vida. E ele, agradecido, reconhece
os dons de Deus, que o impelem para horizontes sempre mais amplos e
abençoados. Então, comovido, numa declaração sincera, confessa:
“Vós nos criastes para Vós e o nosso coração vive inquieto,
enquanto não repousa em Vós” (Conf. 1,3).
+Dom
Fernando Antônio Figueiredo, ofm
Comentários
Postar um comentário