Reflexão do Evangelho – Domingo, 19 de agosto


Reflexão do Evangelho – Domingo, 19 de agosto
Lc 1,39-56 – Assunção de N. Senhora


Uma mulher, simples, generosa, atenta às moções divinas, em Nazaré, numa casa modesta e humilde. Nomeada mãe dos discípulos, mãe de todos os homens, ela se chama Maria. Naquele instante, serenamente recolhida, soou-lhe aos ouvidos uma voz angelical: “O Espírito Santo virá sobre ti e a força do Altíssimo armará sua tenda sobre ti. E é por isso que o Santo gerado de ti será chamado Filho de Deus” (Lc 1,35). E foi àquela Virgem de Nazaré que o Deus de Abraão, Isaac e Jacó se revelou em seu amor indizível: assim aconteceu, por obra e graça do Espírito Santo, a encarnação do Filho de Deus, Jesus.
Ela acreditou. Livremente, deu o seu “sim”, e levou avante sua união a Deus, no cumprimento de uma missão que a tornaria modelo de fé e de generosidade. Após o episódio das Bodas de Caná (Jo 2,1-11) e antes da cena do Calvário (Jo 19,25-27), sua presença na vida pública de Jesus aparece em alguns momentos, quais acenos de sua grandeza espiritual, proclamados pelo próprio Filho.
Porém, ao falar do nascimento de Jesus, o Evangelista S. João não se refere propriamente à sua natividade, mas sim à cruz, na qual a palavra “exaltação” designa sua elevação na cruz e, igualmente, sua ressurreição e retorno para junto da glória do Pai. Também na cruz, encontra-se, unida ao Filho, sua mãe Maria Santíssima.
No Apocalipse, o mesmo João fala “que apareceu no céu: uma mulher vestida do sol, a lua sob os pés e na cabeça uma coroa de doze estrelas” (12,1). Os autores a identificam à sinagoga, à Igreja, à Mãe de todos os que seguem Jesus, testemunhas da salvação divina, que já se realiza sobre a terra. Diria S. Agostinho: “Ela é a Jerusalém celeste, figura ideal da Igreja tal como ela existe no pensamento de Deus” (Lib. LXXXIII, PL 40,29), símbolo, modelo dos discípulos, particularmente, dos que virão após eles.
Por conseguinte, a Assunção de Maria abrange todos os seres humanos, indicando-lhes o caminho para a glória celeste, ponto culminante de nossa união a Deus. Ela nos precede temporalmente; também como nosso caminho e esperança, pois sua glória não consiste em gozar de um destino diferente do nosso. Na glória celeste, graças à iluminação divina, ela, criatura humana, supera, de contínuo, o conhecimento de Deus, pois a essência divina permanece-lhe sempre inacessível. Iluminada por uma espécie de Raio ou Luz divina, em progressiva e confiante comunhão com Deus, Maria participa da experiência mística da união (hénosis) com Deus.
E como Mãe, Maria deseja que todos os seus filhos participem de sua experiência e sejam membros do mundo radicalmente novo, inaugurado por seu Filho Jesus. Daí a exclamação de André de Creta: “Numa palavra, desde agora, começa a transfiguração de nossa natureza humana”.



+Dom Fernando Antônio Figueiredo, ofm

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