Reflexão do Evangelho - Domingo – 26 de agosto
Reflexão
do Evangelho
Domingo
– 26 de agosto
Jo
6, 60-69 - Uma palavra dura, mas não autoritária.
No
azul e no sol da manhã, borboletas multicores, pássaros
saltitantes, mães, que vão à fonte, alegres e confiantes, trazendo
os filhos, com seus pequenos e brilhantes olhos; mães com lágrimas,
que falam de ausência, de dor, de angústia.
Os
Apóstolos contemplam este quadro e sentem o coração vibrar diante
da vida, que desponta e madura, em íntima conexão com as paisagens,
os montes e os vales. A ternura os envolve, alimentando a chama
sagrada do amor, e eles, “no perene nascer das criaturas”, diria
Orígenes, meditam sobre o caminho direto e seguro, indicado por
Aquele que tudo é, e que está presente para além do tempo: o
Mestre, Jesus.
Apesar
do enlevo espiritual, as palavras de Jesus os surpreendem: “Eu sou
o pão da Vida, o pão que desce do céu para que não morra quem
dele comer”. Seu desejo é manifesto: que eles se descentrem de si
mesmos, abram suas mentes e o coração para o outro, para sentir o
outro, e amá-lo como ele é. Caridade em nada inferior a que eles
têm para com eles mesmos, se é verdade que eles amam a Deus em
todas as coisas e todas as coisas nEle. Então, hão de compreender
seu gesto de doação, de entrega generosa e incondicional ao Pai e a
todas as criaturas.
Experiência
de vida que os torna cordiais, atitude, ou aquele modo de ser, que os
leva a ver com o coração ou, segundo Gregório de Nissa, “com os
olhos da alma”, estendendo os braços para abraçar cada pessoa com
respeito e benevolência. Realiza-se o verdadeiro encontro consigo
mesmo, encontro com os outros, portanto, encontro com Deus, em suas
energias ou em suas manifestações de bondade, de ternura e de
misericórdia.
Porém,
as incertezas e dúvidas continuam presentes nos Apóstolos; ao lado
deles, a frieza e a indiferença dos escribas e fariseus, que julgam
estar Jesus à beira da loucura. Sem revogar o que dissera, Jesus,
mantendo-se sereno, pergunta-lhes: “Isto vos escandaliza?”.
Tomando fôlego, talvez vencendo a timidez, os Apóstolos ousam
confessar: “Este discurso é bem duro: quem pode escutá-lo?”. De
fato, “a partir desse momento, muitos de seus discípulos voltaram
atrás e já não andavam com Ele”.
Ora,
para seguir Jesus não basta maravilhar-se diante dos milagres ou
encantar-se com os seus ensinamentos. Por isso, olhando-os e vendo a
dureza de coração (sklerokardía),
Jesus os recrimina e pergunta aos Doze: “Também vós quereis ir
embora?”. Simão Pedro, impetuoso como sempre, responde: “Senhor,
a quem iremos? Tu dizes palavras de vida eterna. Nós cremos e
reconhecemos que tu és o Consagrado de Deus”.
+Dom
Fernando Antônio Figueiredo, ofm
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