Reflexão do Evangelho - Domingo, 17 de março
Reflexão
do Evangelho
Domingo,
17 de março
Mc 9,2-10 – O amor, força
transfiguradora
Os
Apóstolos, Pedro, Tiago e João, despertados, deixam seus sonhos, suas
inoportunas metáforas... Mas, o que lhes garante estarem vendo o que seus olhos
tocam... não seria ainda um sonho? Uma aparição refulgente, para além de toda
linguagem! O rosto resplandecente como o sol, as vestes de um branco ofuscante!
Jesus
orava... ao seu lado, conversando com Ele, os antigos profetas, Moisés e Elias,
que ressurgem e atestam ter Ele vindo para cumprir a Lei e os profetas. O
fulgor de uma nuvem os envolve... e, numa visão de dimensões extraordinárias,
eles contemplam a verdadeira humanidade de Jesus. Não mais dia nem noite, luz
perpétua, imensa paz, para além de todo medo, doce e saboroso amor, fascínio
irresistível d’Aquele que irradia paz, amor e alegria.
Arrebatado,
Pedro exclama: “Mestre, é bom ficarmos aqui. Façamos três tendas: uma para ti,
outra para Moisés e outra para Elias”. Maravilhados, os três discípulos, como
que esquecidos dos muitos temores, do emaranhado de erros e penosas
preocupações, sentem-se arrebatados e, enlevados, percebem a proporcionalidade
entre a presença da ignorância do intelecto e o impulso do amor, pelo qual
suspiram a unidade com Deus.
Tendo
os olhos voltados para o Cristo transfigurado, S. Gregório Palamas exclama: “Se
os bens inefáveis, no século futuro, farão parte de nossa alma, é certo que, na
medida do possível, desde já, participamos da vida transfigurada do Senhor”.
Desponta
e madura, em nossa vida mortal, a verdadeira nova criação de Deus. Nós... gerados,
regenerados... em Jesus, por cuja Palavra tudo foi criado e em quem tudo é
preservado.
Ele
entrega a si mesmo, totalmente, à humanidade, revelando que Deus, distinto da
criação, é presença, ao mesmo tempo, de uma vida em plenitude, comum a todas as
criaturas. Nele, nosso corpo se transfigura... É o corpo da salvação, resposta
às nossas interrogações fundamentais sobre o sentido da vida e, principalmente,
da morte. Diz, o Prefácio da missa dos falecidos: “Avida não é tirada, mas
transformada, e desfeito o corpo mortal nos é dado, nos céus, um corpo
imperecível”.
Se
é próprio da natureza de Deus comunicar-se sempre, pertence à nossa natureza
humana subir sempre para mais alto, em busca de nossa semelhança com Ele, e tornar-se,
mais e mais, “imagem de Deus”. Assim como os Apóstolos, no Tabor, também nós, envolvidos
pela Luz da unidade, força atrativa, somos impulsionados a buscar Deus, ardentemente
desejado, jamais, totalmente, encontrado.
A
oposição é superada pela união. No Tabor, sem anular a dessemelhança: Criador-criatura,
pois nada se opõe à unidade absoluta de Deus, vivemos a união espiritual, que
não nos diminui, mas nos preserva em nossa identidade e interioridade.
+Dom Fernando Antônio Figueiredo, ofm
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