Reflexão do Evangelho –Domingo, 28 de maio
Lc
24,46-53 - A Ascensão de Jesus
Tendo consumado o seu “êxodo”, Jesus
aparece aos Apóstolos para confirmá-los na fé e designar-lhes uma missão
divina: anunciar a todos os povos o Evangelho do amor e da misericórdia. Após
abençoá-los, Ele “foi arrebatado ao céu e sentou-se à direita de Deus”, donde
virá, no fim dos tempos, para que toda a criação alcance aquela plenitude
intencionada por Deus. Assim, testemunhada pelos Apóstolos, não só por três
deles, como no monte Tabor, mas por todos eles, a Ascensão abrange na pessoa de
Jesus toda a humanidade, no interior da qual borbulha a força do amor inefável
de Deus que a renova e a conduz à sua plena realização. É algo simples, porém, sublime,
que torna o homem participante da nova criação de Deus.
Essa
orientação para o futuro, que poderia ser chamada de esperança, é descrita por
S. Agostinho como efeito da graça santificante e pelos antigos autores como deificação
(théosis), que espiritualmente
significa: deixar-se afetar pelo Espírito divino, fonte do amor incondicional e
universal, que nos liberta de todas as amarras do pecado e nos conduz à união
definitiva com Deus. Os termos deificar-se e divinizar-se expressam nossa participação
na vida trinitária e relacional de Deus, chegando S. Máximo a dizer: “Pela
graça, nos tornamos deus todo inteiro, alma e corpo” (Amb. PG 91, 1088C).
E Jesus conduz os Apóstolos em direção à
cidade de Betânia, onde “elevando as mãos, abençoou-os”. Nesse contexto,
exclama o Apóstolo Pedro: “Deus ressuscitou seu Servo e o enviou a nos
abençoar, para que em nós se cumprisse a Promessa de bênção para todos os
povos” (cf. At 3, 26.25).
É
mais fantástico do que podemos imaginar à primeira vista. Pois o objetivo consiste
em mostrar que tudo o que é vivido com amor gesta um ser capaz de acolher o
Infinito numa vida finita e limitada, e que essa vida passa a ser um bem
eterno. E mais. À direita do Pai, na glória celeste, Jesus proclama que ninguém
está só, tampouco está excluído da comunhão eterna, pois no silêncio do seu
amor, Ele aguarda “que o mundo inteiro faça parte da vida divina e se torne tudo
o que Deus é, exceto a identidade de natureza” (S. Máximo o Confessor). É um
incentivo para que os Apóstolos mantenham o céu unido com a terra, batizando e anunciando
a sua mensagem, conscientes de que a morte não tem a última palavra, mas sim a
nova vida no amor, na misericórdia e na compaixão.
+Dom Fernando Antônio Figueiredo, ofm.
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