Reflexão do Evangelho - Terça-feira, 02 de maio


Jo 6, 30-35 - Deu-lhes pão do céu a comer



     
      Logo após o milagre da multiplicação dos pães, parece-nos descabida a pergunta feita a Jesus: “Que sinal realizas, para que vejamos e creiamos em ti? Que obras fazes? ”. Na verdade, não são poucos aqueles que desejam testá-lo e mesmo confundi-lo; mas há também aqueles que lhe pedem um sinal “proveniente do céu”, como uma confirmação de sua autoridade.   
Sem se prender a essas discussões, Jesus alude ao maná, dado por Moisés aos seus antepassados, perecível e apenas capaz de alimentar o corpo mortal, que foi, no máximo, uma prefiguração do pão do céu. Agora, Ele lhes concede o verdadeiro pão do céu, que, por sua natureza, é imperecível, e, por seu efeito, é fonte de vida eterna para os que o recebem. Este pão não é do passado, nem mediado por Moisés, é Ele mesmo, o único que desceu do céu.  
      Ao ouvi-lo, são os próprios Apóstolos que se voltam para o Mestre e exclamam: “Dá-nos sempre deste pão! ”. Como talvez tenham ouvido suas palavras ao pé da letra, a sua resposta os deixa perplexos: “Eu sou o pão da vida”. Só mais tarde, eles irão compreender que Jesus falava da Eucaristia, alimento de ressurreição ou, como dirá S. João Crisóstomo, “fermento e pão de imortalidade”. O argumento central não é o pão material, mas é sua presença permanente, introduzindo os discípulos no espaço de uma perpétua comunhão com o Pai. Daí, seu desejo de despertar e consolidar a fé em seus corações: “Eu vos disse: vós me vistes, mas não credes”. Pois assim como no monte Tabor, os Apóstolos contemplaram o Cristo transfigurado, os olhos espirituais de quem recebe a Eucaristia se abrirão para contemplar sua presença permanente no mundo, “unindo-nos uns aos outros, graças à força simples e indivisível da fé” (S. Máximo). A propósito da Eucaristia, escreve S. Gregório de Nissa: “O pão divinizado não só é assimilado por nós, mas nos assimila ao próprio Senhor. Porque assumida por Ele, nossa finitude participa, desde já, de um modo de ser que não conhece jamais a corrupção”.  É maravilhoso! Na Eucaristia, o corpo da humanidade, as criaturas humanas, e o mundo criado, vibram no imenso ondular da Ressurreição de Cristo.


+Dom Fernando Antônio Figueiredo, ofm

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