Reflexão do Evangelho - Quinta-feira, 08 de dezembro
Reflexão
do Evangelho
Quinta-feira,
08 de dezembro
Lc
1, 26-38, Anunciação do Senhor – Festa da Imaculada Conceição
Na pequena cidade de Nazaré, uma jovem de nome
Maria estava orando, quando lhe aparece o arcanjo Gabriel, que, para seu
espanto, anuncia que o Espírito Santo descerá sobre ela e a cobrirá com a sua
sombra, assim como a nuvem, presença de Deus, tinha descido sobre o Monte
Sinai. Maria se sente chamada a uma importante missão, confiada por Deus: “Tu
encontraste graça junto do Senhor”, diz o anjo, reafirmando ser ela a cheia de
graça, a filha de Sião do fim dos tempos.
Em
razão de seu sim, “seja feita a tua vontade”, nela ocorre o ponto culminante da
manifestação do Espírito Santo: a Encarnação do Filho de Deus, início de uma
vida nova para a humanidade toda inteira. S. Justino e S. Irineu leem esta
passagem à luz do relato do Gênesis e traçam um paralelo entre Maria e Eva, “a
mãe de todos os viventes”, entre o “fiat”, o faça-se da anunciação, e a
desobediência dos primeiros pais, causa decisiva do pecado original. Do mesmo
modo, diante da pergunta: “Como é que vai ser isso? ”, o anjo conduz Maria à fé
e à obediência, ao contrário do anjo mau que incita Eva à desobediência e à
incredulidade.
O paralelismo presente na Tradição
antiga, também nos autores contemporâneos, longe de ser artificial, oferece ao
acontecimento um alcance absolutamente universal. Observa S. Beda: “Como Eva
trouxe em seu seio toda a humanidade condenada ao pecado, agora Maria traz o
novo Adão que, com a sua graça, dará vida a uma nova humanidade”. Aquele que
nasce de Maria, um dentre nós, é capaz de englobar todos nós, incluindo todas
as possibilidades da humanidade, não excluindo nada de cada um, a não ser o
pecado. Por isso, não é ousado declarar que Jesus só podia fazer-se homem
nascendo da Virgem Maria, herdeira da História da salvação, a filha de Sião,
que personifica o Povo de Israel.
Se na origem, houve o casal Adão e Eva,
agora, no princípio da verdadeira nova criação de Deus, também há uma mulher e
um homem, José, indicado como sendo “da linhagem”, “da casa de Davi”.
Cumprem-se, assim, as profecias e proclama-se que Jesus é o Messias esperado e
anunciado pelos profetas. E ao dizer que “o anjo Gabriel foi enviado por Deus”,
uma esperançosa mensagem, procedente do alto, chega até nós, pois o que em
Maria se realizou é iniciativa do Deus Altíssimo. Supremo mistério da fé
cristã: O nascido da Virgem Maria é o Messias Salvador, o Filho de Deus, que,
por sua natureza, é verdadeiramente um de nós, sem deixar de ser Deus.
Maria é “a cheia de graça”, “cumulada de
graça”, e o que nela se realiza não provém de seus méritos, mas é dom divino,
fruto da suprema benevolência divina. Concebida sem pecado, ela torna-se
Templo, Morada (shekinah) da glória
de Deus, da qual nasce Jesus (Yoshua,
que significa “Yah é Salvador”), o
Filho do Altíssimo, cujo “Reino não terá fim”.
Dom
Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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