Reflexão do Evangelho - Sexta-feira, 16 de dezembro



Reflexão do Evangelho
Sexta-feira, 16 de dezembro
Jo 5,33-36 – O Pai autentifica a Missão de Jesus

                
        Às margens do rio Jordão, o último dos profetas do Antigo Testamento, João Batista anuncia a vinda do Messias, considerado como a plenitude da revelação dos últimos tempos. Ele prega a todos a penitência, dizendo que o fato de ser filho de Abraão, de pertencer ao povo de Deus, não é garantia de salvação. Aliás, os profetas de Israel não anunciavam simplesmente a salvação futura, mas criticavam, ao mesmo tempo, a situação presente, sobretudo, sob o ponto de vista social e cultural.  Característica é a palavra “já”: agora, é a hora de uma mudança de vida, pois “o machado já está encostado na árvore a ser cortada”. Expressão do profeta Isaías (10,33-34) para significar o julgamento divino, que se liga à ideia de um mundo de justiça e de paz.
        Aos que o rodeiam, Jesus declara ser João Batista testemunha da Verdade, que, em sentido próprio, significa a sua presença, dom escatológico de Deus, anúncio profético e salvador para Israel e para todos os povos. S. Cirilo lembra as palavras de Jesus que “compara João Batista a uma lâmpada, que brilhou para preparar a sua vinda”. No entanto, o próprio Senhor refere-se a um testemunho maior que o de João: “As obras que o Pai lhe concedeu realizar”, e faz um convite: “Não só ler, como observa S. João Crisóstomo, as Escrituras, mas escrutá-las, a fim de encontrar o tesouro escondido”. Assim, na medida em que conhecemos e vivemos a Palavra, ela nos comunica a alegria de poder dar até ao que é efêmero um valor de eternidade. 
Nesse sentido, Jesus declara: “As obras que eu faço dão testemunho de mim, mostrando que o Pai me enviou”. Não se trata só de obras, mas de um apelo à conversão para não nos deixarmos, simplesmente, guiar por forças restauradoras, que nos orientam para um passado, sentido como ideal, mas, sobretudo, por forças renovadoras e impulsionadoras de um futuro, que nos inspiram e nos transformam continuamente. S. Irineu dirá que “o nosso Deus é aquele que vem do futuro” e penetra nossa história, conduzindo o homem e o mundo à sua plena novidade em Cristo. Dizendo ‘amém’, nós nos entregamos a Jesus, que se revela como aquele no qual todos os seres humanos podem encontrar salvação e felicidade: sentido definitivo da vida humana.



Dom Fernando Antônio Figueiredo, ofm

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