Reflexão do Evangelho - Domingo 07 de Dezembro
Reflexão do Evangelho
Mc 1, 1-8 Pregação de João Batista (início)
Domingo 07 de Dezembro
Às margens do rio Jordão, destaca-se a austera
e solene pessoa de S. João Batista. Último dos profetas do Antigo Testamento, ele
espera ansiosamente os tempos messiânicos prometidos. Permanece firme e imóvel,
o que é sugerido pelo verbo latino “stare”,
pois sua função não é a de procurar por Jesus e segui-lo, mas a de ser seu
precursor e dar testemunho dele. Predita pelo profeta Isaías, a manifestação de
Deus seria precedida pela passagem de um cortejo processional ou triunfal por
um deserto, que se transformaria em largos vales verdejantes. À frente, um
arauto, em altas vozes, estaria anunciando o novo Êxodo, conduzido por Deus (Is
40,3s). Esta passagem era aplicada por muitos a João Batista, que proclamava
“um batismo de conversão para remissão dos pecados”.
Suas palavras despertam a curiosidade do povo e mesmo
dos próprios judeus de Jerusalém, que enviam “sacerdotes e levitas para interrogá-lo”
sobre sua identidade. Conhecendo as suas intenções, sem titubear, ele testemunha:
“Eu não sou o Cristo”. O título Cristo designa o Messias, o “ungido”, o enviado
escatológico, o novo Davi, esperado por todo o povo como aquele que viria para
libertá-lo do jugo estrangeiro e, portanto, restabelecer o reino de Israel. Mas
eles querem saber de seus próprios lábios, se ele é ou não o Messias. Daí a
insistência dos mensageiros, que voltam a lhe perguntar. Com os olhos fixos
neles, em alto e bom som, ele declara não ser o Messias, aquele que daria
início ao “Tempo Final”, mas simplesmente diz ser a voz que clama no deserto e que
veio para preparar os corações dos que o ouvem. E, para que toda dúvida fosse
afastada, ele acrescenta: “Após mim virá aquele do qual não sou digno de
desatar a correia da sandália”.
No entanto, ele não se furta à pergunta
dos que o interrogam, mas esclarece que sua missão é “batizar com água” para a penitência,
pois para acolher Jesus, escreve S. Agostinho, “é necessário tirar a areia dos
olhos para servir concretamente o próximo”. São os albores da paz e da alegria
espiritual, frutos do perdão e da remissão dos pecados. S. Hilário de Poitiers reconhece
que “aos profetas cabe apregoar o arrependimento dos pecados, enquanto a Cristo
pertence a missão de salvar os que depositam fé em seu nome”, visto que o seu Batismo
é presença do fogo purificador do Espírito Santo, que santifica os corações e os reconcilia com o
Pai. Ao longe, nos horizontes distantes, já se delineia o vulto humano de Deus e
ouve-se o eco da voz do Cordeiro que tira o pecado do mundo.
Dom Fernando Antônio Figueiredo, o.f.m.
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