Reflexão do Evangelho - Domingo 14 de Dezembro

Reflexão do Evangelho
Jo 1,6-8.19-28 - Testemunho de João Batista
Domingo 14 de Dezembro
      
        Às margens do rio Jordão, destaca-se a austera e solene pessoa de S. João Batista, que veio preparar os caminhos do Senhor. Último dos profetas do Antigo Testamento, ele espera ansiosamente os tempos messiânicos prometidos. Ele não se desloca de um lugar para outro, o que é sugerido pelo verbo latino “stare”, pois sua função não é a de procurar por Jesus e segui-lo, mas a de ser o seu precursor e dar testemunho dele. João se autodenominava não o Messias, nem tampouco o profeta Elias, mas “uma voz que clama no deserto”, a voz de um arauto. Aliás, o relato do seu testemunho, fundamental para a fé dos primeiros seguidores do Mestre, reflete bem a originalidade do pensamento do Apóstolo S. João.  
Nesse sentido, para valorizar ao máximo a sua função de precursor e de testemunha, o Apóstolo S. João jamais emprega o termo “Batista“ para designar João e a sua missão. Um belo exemplo, encontramos na passagem seguinte, na qual ele relata o fato de os judeus terem enviado de Jerusalém sacerdotes e levitas para o interrogarem. Eles simplesmente perguntam: “Quem és tu?” E ele, conhecendo as intenções dos que o interrogavam, sem titubear, testemunha: “Eu não sou o Cristo”, título que designa o Messias, o “ungido”, o enviado escatológico, o novo Davi, esperado por todo o povo como aquele que viria para libertá-lo do jugo estrangeiro e, portanto, restabelecer o reino de Israel. Humilde, João não deseja ser considerado mais do que realmente ele é.
 Ora, a curiosidade é grande, não só dos judeus de Jerusalém, mas de todo o povo, que acorre para ouvi-lo. Eles querem saber, de seus próprios lábios, se ele é ou não o Messias. Daí a insistência dos mensageiros, que voltam a lhe fazer a mesma pergunta. E João, com os olhos fixos neles, em alto e bom som, declara não ser o Messias, aquele que daria início ao “Tempo Final”, ele é simplesmente uma voz que veio para preparar os corações para a sua vinda. E, para que toda dúvida fosse afastada, ele acrescenta: “Após mim vem aquele, do qual não sou digno de desatar a correia da sandália”. No entanto, João Batista não se furta à pergunta dos que o interrogam. Com serenidade, ele esclarece que a sua missão consiste em “batizar com água” para a penitência, pois para acolher Jesus, escreve S. Agostinho, “é necessário tirar a areia dos olhos”, tornar-se sensível à beleza do mundo, ao sofrimento e à angústia dos seus semelhantes.
Afastam-se as densas nuvens da incerteza e da dúvida, e já despontam, nos horizontes dos ouvintes, os albores da paz e da alegria espiritual, frutos do perdão e da remissão dos pecados. Realiza-se a missão do profeta: apregoar o arrependimento dos pecados e a conversão. Enquanto, “àquele que vem, Jesus, pertence a missão, diz S. Hilário, de salvar os que depositam fé em seu nome”. Ao longe, vislumbra-se o Messias, vulto humano de Deus, e já ressoa a potente voz do Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo.


Dom Fernando Antônio Figueiredo,o.f.m.

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