Reflexão do Evangelho - Segunda-feira 15 de Dezembro

Reflexão do Evangelho
Mt 21, 23-27 - Perguntas sobre a autoridade de Jesus
Segunda-feira 15 de Dezembro

       Certa feita, os chefes dos sacerdotes e os anciãos do povo aproximaram-se de Jesus para perguntar-lhe: “Com que autoridade fazes isso? Quem te deu tal autoridade?” Para Israel a autoridade era dom concedido por Deus em vista de uma missão; para os gregos e romanos era sinal de poder, obtido e consolidado pela força. Desde os primeiros momentos do cumprimento de sua missão, os ouvintes de Jesus se espantavam com seus ensinamentos, pois Ele falava não como os fariseus e escribas, mas com autoridade.  Ele perdoava os pecados e dizia ser o senhor do sábado. Os próprios escribas ficaram surpresos ao ouvi-lo dizer que “onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome eu estarei no meio deles”. Ora, eles próprios ensinavam que “se dois ou três estão unidos para estudar a Lei, Shekinah (presença de Deus) vive no meio deles” (Avot III,2). Não estaria Ele se colocando no lugar da Shekinah de Deus?
       Para o povo de Israel, a paternidade de Deus traduz intimidade e reciprocidade de conhecimento, que supera toda experiência humana. E eis que o profeta de Nazaré fala de que nele nós podemos chegar a conhecer Deus como Ele sempre nos conheceu. Preocupados e até certo ponto escandalizados, eles insistem para que Jesus lhes diga com que autoridade ensinava tais coisas. Ele não responde diretamente. Segundo o estilo rabínico, contenta-se em contestar em forma de pergunta.  Poderia até satisfazê-los, mas antes queria que eles, segundo Hilário de Poitiers, “respondessem à sua pergunta, se o batismo de João Batista vinha do céu ou dos homens. Eles hesitam, pois caso confessassem que ele vinha do céu, estariam se reconhecendo culpáveis por não terem acreditado na autoridade de uma testemunha que vinha do céu. Caso dissessem que vinha dos homens, temiam a multidão, que considerava João como um profeta. Receosos e desejando despistar, eles confessam a verdade sobre eles mesmos, sua incredulidade”.
Na realidade, como o batismo e a pregação de João Batista tinham grande repercussão, é inconcebível que eles os ignorassem. Por isso, ao dizerem que “não sabiam”, eles se desmoralizam diante do povo, e negam sua própria autoridade e deixam intacta a autoridade de Jesus. Na linha do seu Precursor, também Jesus é considerado pelo povo “enviado de Deus” para pregar o mesmo Evangelho de conversão, que abre as portas para entrar no Reino de Deus. Ademais, Jesus podia discretamente argui-los do testemunho dado por João Batista, que o proclama “o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”.


Dom Fernando Antônio Figueiredo, o.f.m.

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