Reflexão do Evangelho - Domingo 28 Dezembro e Segunda-feira 29 de Dezembro
Reflexão do Evangelho
Lc 2, 22.39-40 - Apresentação
de Jesus (Sagrada Família)
Domingo 28 Dezembro e
Segunda-feira 29 de Dezembro
Fiéis
às leis e normas do seu povo, Maria e José levam Jesus ao Templo para apresentá-lo
a Deus. Ao vê-los, Simeão pega o Menino, que estava nos braços de sua mãe. Momento
solene e comovedor, ele dá graças a Deus e declara ser o Menino a glória de
Israel e a salvação para todas as nações. Simeão torna-se, no dizer de S.
Agostinho, “um desses pequenos a quem é prometido o Reino”. Pois, continua S. Agostinho, “o justo Simeão
viu-o também com o coração, pois o conheceu recém-nascido; e viu-o igualmente
com os olhos porque o tomou entre os braços. Vendo-o de um e de outro modo,
reconhecendo-o Filho de Deus e abraçando o gerado da Virgem, deu seu último
suspiro: ‘Agora, Soberano Senhor, podes despedir em paz o teu servo, segundo a
tua palavra; porque meus olhos viram a tua salvação”. Nos braços de Simeão, o Filho
de Deus, o Salvador da humanidade, “aquele que sustenta a nossa fraqueza e
corrige a desordem presente em nossas almas” (S. Basílio). As palavras de
Simeão também expressam luta, dificuldade e morte: “E a ti, uma espada
traspassará tua alma”. Maria bem compreendeu, nós igualmente. Só na dor,
pode-se apresentar o Menino como sinal de salvação para as nações.
Com
naturalidade, após a Apresentação no Templo, o Evangelista S. Lucas relata o
retorno de Maria e José à Galileia, região citada pelo profeta Isaías, da qual
resplandeceria uma grande luz, que o Evangelho descreve presente no início da
pregação de Jesus. S. Jerônimo reporta-se ao “lugar onde a terra fez florescer
o Salvador, donde se elevou o germe justo e a flor do tronco de Jessé. Lugar
chamado Nazaré que em hebraico significa: Santidade, Germe, Flor, Ramo”. Mas aquele
que lá viveu é conhecido não só como Nazareno, pelo seu nascimento, também como
Nazareu, denominação ligada ao termo “Nazir”, que indica os que fazem votos de
“nazirenato” ou se “colocam à parte para Deus”. Nesse sentido, consagrado a
Deus, Jesus é chamado “Santo”, o “Santo de Deus” por excelência. Segundo Rupert
de Deutz, foi São João quem viu este título como “essencial à identidade do
Crucificado”. “Não só por ser Ele o Salvador e Rei – títulos que lhe eram
atribuídos como um crime – mas por ser verdadeiramente o Santo, significado
pela palavra ‘nazarenus’”. Aliás, no momento da crucifixão, o mesmo evangelista
nos transmite o título que identifica a messianidade de Jesus: “Jesus
Nazarenus, Rex Judaeorum”.
Mas
vamos à casa do “filho do carpinteiro” em Nazaré. Junto a Maria, que “guardava
tudo em seu coração”, aprendemos algumas lições da Sagrada Família. Maria, mãe
extremosa, e José, solícito no seu silêncio, compõem o quadro da infância de
Jesus e nos colocam no interior espiritual de uma vida familiar. A simplicidade
e a beleza austera de Nazaré falam de um jovem que, após a morte de José,
sustentava a família com suas mãos. Ele cresceu ao lado da mãe que lhe
transmitia os primeiros ensinamentos e partilhava com Ele sua bondade e seu
amor.
Meditando essa realidade,
S. João Paulo II dirá que a família é o coração da “civilização do amor” e a casa
de Nazaré é escola de santidade, de respeito e de solidariedade. Essa
experiência de Nazaré está presente ao longo da vida pública de Jesus, que
criará ao seu redor um encanto cativante e familiar, uma atmosfera de doação e de
ternura. Dele, seus seguidores aprenderão que existir é se relacionar e se
comprometer com Deus e com os irmãos. Nazaré, belíssimo recanto da Galileia, foi
o berço do Evangelho do amor e da vida.
Dom Fernando Antônio
Figueiredo, o.f.m.
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