Reflexão do Evangelho - Quarta-feira 11 de Março

Reflexão do Evangelho
Mt 5, 17-19 - Cumprimento da Lei
Quarta-feira 11 de Março
      
       Para os fariseus, a frutuosa resposta à vontade de Deus era o cumprimento da Lei, entregue a Moisés no Sinai. No entanto, eles substituíam o espírito da Lei pelo ritualismo e por suas interpretações formais e cultuais, e exacerbavam a submissão, de tal modo que a liberdade, sem vínculos significativos e espirituais, assumia feições de escravidão. Para o Senhor, ao contrário, o pressuposto sempre era a ação livre, base da responsabilidade pessoal e exclusão do determinismo no agir. Nesse quadro, de modo solene, “em verdade vos digo”, Jesus expõe seu posicionamento em relação à Lei, aos Profetas e, por conseguinte, em relação a todo o Antigo Testamento.
       Anunciando o Reino de Deus, o Senhor diz ter vindo em nome do Pai, o divino legislador, para cumprir a sua vontade.  Não veio, portanto, para ab-rogar a Lei, mas cumpri-la, isto é, realizar plenamente os desígnios do Pai, expressos na Lei e nos Profetas. O termo escolhido por Ele, “aperfeiçoar” (plerosai – conduzir à perfeição), exprime justamente o objetivo a que Ele se propõe. É o que escreve S. Hilário de Poitiers: “Ele proclama, de modo claro e vigoroso, que a obra da Lei é superada. Ele não a abole, mas a supera com um aperfeiçoamento progressivo. Nesse sentido, Jesus declara que os Apóstolos só entrarão no Reino dos Céus caso superem a justiça dos fariseus. E, após expor as prescrições da Lei, Ele as supera aperfeiçoando-as, sem aboli-las”.
       Diferentemente dos fariseus, os discípulos não se deixarão levar por uma compreensão estrita e casuística da Lei. O Senhor também os acautela de não caírem no extremo oposto: julgar que o Evangelho os dispensasse da Lei. Para além da “letra”, a Lei é confirmada, não abolida. Ela é transformada e interiorizada, e, por isso mesmo, ela é ainda mais exigente. Exclama S. Agostinho: “Ama e faze o que queres. Amar é equipar a tua vontade àquela do Amado; e fazer o que queres será fazer o que Ele quer!” 

É o surgimento de uma nova vida, com um novo espírito. Se os fariseus tinham os corações obscurecidos e fechados, os Apóstolos ainda não tinham deixado que as palavras do Mestre os iluminassem totalmente. O véu que os encobria só irá se levantar no alto do monte Tabor, onde maravilhados, eles contemplarão a glória do Filho de Deus e participarão da luz divina. Então, fortalecidos na fé, sobretudo após a Ressurreição do Senhor, eles não deixarão de anunciar a fé cristã, repousando-a sobre os “testemunhos” da Lei e dos Profetas. Mais tarde, S. Mateus, em seu Evangelho, apresenta a Paixão e a Ressurreição de Jesus como realização plena de sua entrada na Terra Prometida definitiva.

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