Reflexão do Evangelho - Terça-feira 17 de Março

Reflexão do Evangelho
Jo 5, 1-16 - Cura do enfermo na piscina de Betesda
Terça-feira 17 de Março

        As galerias da piscina “que, em hebraico, se chama Betesda, com cinco pórticos”, estavam repletas de doentes. Um deles, doente há 38 anos, suspirava por alguém que o ajudasse a chegar às águas, pois, quando agitadas pelo Anjo do Senhor, “o primeiro, que aí entrasse ficava curado”. O tempo de sua doença insinua o período passado pelo povo judeu no deserto, na expectativa de entrar na Terra Prometida. No entanto, ele não encontrava ninguém que o ajudasse.       
        De repente, uma voz, suave e tranquila, pergunta-lhe: “Queres ficar curado?” A iniciativa é tomada por Jesus. Não houve nenhuma súplica do enfermo, nenhum pedido. Ouvindo Jesus, a surpresa e a alegre esperança invadem seu combalido corpo, e, com voz trêmula, ele responde: “Não tenho quem me jogue na piscina, quando a água é agitada; ao chegar, outro já desceu antes de mim”. No horizonte o brilho do sol, no coração do enfermo reascende uma chama de esperança. Cansado e fatigado pela longa espera, ele nada mais pode dizer. Aos seus ouvidos, porém, soam palavras enternecedoras e misericordiosas: “Levanta-te, diz Jesus, toma o teu leito e anda!”. O homem obedece: ele está curado!
       Bela é a descrição feita por S. João Crisóstomo: “Uma multidão de enfermos jazia ao lado da piscina, mas a enfermidade deles os impedia de entrar na água para serem curados. Em nossos dias, todos podem se aproximar, e não podemos dizer: ‘outro já desceu antes de mim’, pois mesmo se o mundo todo aí estivesse a graça jamais se esgotaria, assim como um raio de sol não diminui se muitos gozam de sua luz”. Já antes, Jesus tinha dito ao paralítico de Cafarnaum: “Levanta-te, toma o teu leito e anda”. Cumpre-se o anúncio profético de Isaías sobre o tempo messiânico: “firmam-se os joelhos debilitados” (35,3).  
O milagre deu-se na piscina de Betesda, que significa “casa de misericórdia”. Aliás, o verbo levantar-se, egeiro em grego, para indicar a ordem de Jesus ao paralítico é o mesmo verbo utilizado, pouco adiante (v.21), para dar vida aos mortos. Cenas que expressam justamente a misericórdia de Jesus, que devolve a vida e a saúde ao corpo e à alma, e a reintegração do doente na comunidade. Ora, os fariseus e sacerdotes criticam Jesus por curar no dia de sábado, esquecem-se de que o sábado é dia de festa e de encontro com Deus, dia de misericórdia e de libertação do pecado. Mas os discípulos, ao contrário, se convencem sempre mais de que seguir Jesus é ser misericordioso, é participar da divina “paixão de amor”, força interior que permite superar o individualismo e alcançar a liberdade interior na comunhão de vida com o Pai.  

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