Reflexão do Evangelho - Quinta-feira 05 de Março

Reflexão do Evangelho
Lc 16, 19-31 - Parábola do mau rico e do pobre Lázaro
Quinta-feira 05 de Março
      
       A parábola não fala de um rico anônimo, voluntariamente cruel ou desdenhoso. Ele simplesmente ignora o pobre, que permanece à porta de sua casa, definhando-se. Ao contrário, o rico, requintadamente vestido, deleita-se em sua riqueza, levando S. Jerônimo a exclamar: “Ó mais infeliz entre os homens, vês um membro do teu corpo prostrado diante da porta e não tens compaixão. Em meio às tuas riquezas, o que fazes do que te é supérfluo?” Hoje, perante tantos famintos, desprezados e rejeitados, a mesma indignação brama em nossos corações. No entanto, no dizer do Papa Francisco, “muitos se acomodam e se esquecem dos outros, não veem seus problemas, suas chagas e dores. Estes caem no indiferentismo”.
Na parábola, entre Lázaro, no céu, e o rico, no inferno, existe um abismo, criado ao longo da vida terrena. Lázaro não é simplesmente o pobre, mas também o justo, que, apesar de uma vida adversa e sofredora, não perde a esperança em Deus. Seu próprio nome significa “Deus é meu auxílio”. O rico não vê nada além das riquezas deste mundo. Permanece preso aos bens materiais e aos prazeres humanos.  Indiferente aos outros, ele não nota o que se passa ao seu redor. Por isso, é significativo o fato de Jesus, observa S. Agostinho: “não se referir ao nome do rico, mas dizer o nome do pobre. O nome do rico andava de boca em boca, mas Deus não o nomeia; silenciavam o nome do pobre, mas Deus o revela. Assim, Deus, que habita no céu, silencia o nome do rico porque não o encontra inscrito no céu. Porém, declara o nome do pobre porque aí o encontra inscrito, por sua própria solicitação”.

       Pródiga em imagens, a parábola retrata a retribuição concedida a Lázaro e os sofrimentos do rico. Severidade do Mestre? As palavras do Senhor lembram os ensinamentos dos profetas, que falam da esmola e de suas consequências para a eternidade: “ela cobre uma multidão de pecados”. Assim, os pobres se tornam para nós, no dizer de S. Gregório de Nissa, “os administradores da nossa esperança”. A parábola chega então ao seu objetivo: ser um forte e veemente apelo à conversão. Que todos se afastem das trevas do egoísmo, da ganância e do indiferentismo, e vivam a generosidade e o amor desinteressado! Se na eternidade, “ao rico, comenta S. Agostinho, é negada a misericórdia, é porque não usou de misericórdia em sua vida terrena. Se o seu clamor, em meio aos sofrimentos, não é ouvido, é porque não acolheu as súplicas do pobre”.  

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