Reflexão do Evangelho - Terça-feira 03 de Março
Reflexão do Evangelho
Mt 23, 1-12 - Hipocrisia e vaidade dos fariseus
Terça-feira 03 de Março
Não
tendo em vista louvar a Deus, mas serem reconhecidos e exaltados pelo povo, os fariseus
mostram-se cumpridores do ideal do judeu observante. Anima-os a vaidade de
aparecer e, por agirem em desacordo com o que pregam, são denominados
hipócritas. Seguem a letra da Lei, não o seu espírito. Por isso, diante dos ensinamentos
de Jesus, que refletem simplicidade e um modo compreensivo de interpretar a
Lei, eles o rechaçam e se desviam da reta compreensão de suas palavras. Mas
mesmo criticado por eles, Jesus não recua. Sem resvalar em uma religião do
“ópio”, que amorteceria o sofrimento e a humilhação dos pequenos com falsas
promessas, seu desejo é libertar seus seguidores da visão de um Deus “déspota”,
que escraviza e tolhe a alegria da vida.
Os
herodianos, saduceus e escribas já tinham sido confundidos, agora, é a vez dos
fariseus, tradicionalistas rigorosos e intérpretes das mínimas prescrições da
Lei. Diz-lhes Jesus: “Ai de vós, fariseus, sábios e guias espirituais!
Hipócritas!” A multidão e os discípulos escutavam o Mestre, com prazer. Ele alertava
seus ouvintes do duplo perigo da vaidade e da falsa piedade. Opunha-se diretamente
ao farisaísmo histórico, mas também não esquecia os que alimentavam uma
sabedoria orgulhosa e um idealismo altivo. Com ênfase, Ele apregoa, com
simplicidade e humildade, que tudo vem de Deus, fonte da verdade que liberta e à
qual, todos são chamados a viver. Não existe mais espaço para o casuísmo, tampouco
para os pesados fardos impostos pelos fariseus.
A voz do Senhor, mais afiada do que uma espada, torna-se então um vivo
apelo à conversão (metánoia) e à vivência
interior da fé e da caridade, pois urge passar do pecado à virtude, do erro à
verdade. E traduzindo a Lei, Ele proclama: “Eu quero a misericórdia e não o
sacrifício”. Muitos se convertem e, guiados pelo poder invencível da graça, dão
uma nova orientação à vida: deixam de estar voltados para si mesmos, em busca
de glórias humanas, para trilhar o caminho da fé e da liberdade no amor a Deus.
Mas, alerta Jesus, a fé
só é autêntica quando passa do coração às mãos e é vivida na prática do bem e
da caridade. O autor alexandrino, Orígenes, referindo-se às palavras dirigidas
a Moisés, citadas pelos fariseus, insiste: “Os verdadeiros discípulos de Jesus ligam
a Lei de Deus à mão, no sentido espiritual, pela prática das boas obras. Jamais
fazem dos mandamentos penduricalhos diante dos olhos de sua alma”. Não como os
fariseus que escreviam o Decálogo da Lei em finos pergaminhos, e os levavam
dobrados e atados em suas frontes, sob a forma de uma coroa. Pois tendo sempre
os mandamentos diante dos olhos, eles julgavam cumpridas as Palavras do Senhor.
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