Reflexão do Evangelho - Sábado 28 de Março
Reflexão do Evangelho
Jo 11, 45-56 - Os chefes dos judeus sentenciam a morte de Jesus
Sábado 28 de Março
As opiniões a respeito de Jesus se dividem. Alguns membros do Sinédrio e os fariseus viam-no como um blasfemador, que pretendia superar a Lei, defendida com rigorismo por eles; outros o admiravam e, na linha dos profetas, reconheciam os seus ensinamentos como uma tentativa para alcançar o sentido mais profundo da Lei. Ao Senhor, não lhe escapam os escárnios contra a sua pessoa, nem a atitude nobre e sincera de muitos dos que o ouvem. Essa controvérsia sobre sua pessoa torna-se ainda mais acalorada após a ressurreição de Lázaro. Em meio a um clima tenso, as palavras dos diversos grupos se atropelam, sobressaindo a voz dos que alegam o perigo de repressão por parte dos romanos. Há também aqueles que, enciumados e movidos pela vaidade e soberba, não admitem a presença do povo ao redor de Jesus e “recriminam a si mesmos, observa S. Cirilo de Alexandria, por não terem matado Jesus antes da ressurreição de Lázaro, e exortam-se mutuamente ao crime, pois não suportam que as multidões creiam em Jesus”.
De repente, o burburinho das vozes é quebrado pelo parecer do sumo sacerdote, Caifás: “Não compreendeis que é de vosso interesse que um só homem morra pelo povo e não pereça a nação toda?”. Palavras que levam S. João Crisóstomo a exclamar: “Como é grande o poder pontifical! Pois tendo alcançado o grau supremo de sumo sacerdote, ele profetiza, sem mesmo discernir o que estava dizendo. A graça (charis) só se serviu dos seus lábios, pois não conseguiu tocar seu coração impuro”. Dramática ironia, Caifás vaticina que um devia morrer por toda a nação. Mas não só por ela, observa o evangelista, também por “todos os filhos de Deus dispersos”, a fim de constituir o “Israel de Deus”, o povo santo da nova Aliança.
Finalmente, os membros do Sinédrio, pressionados pela controvérsia e pelas muitas acusações, decidem pela sua morte. Decisão reforçada, sobretudo após a cura do cego de nascença e a ressurreição de Lázaro. De um lado, a visão curta e mesquinha dos membros do Sinédrio, de outro lado, a atitude misericordiosa de Jesus, que acolhe os pecadores e os torna filhos do Pai eterno. A decisão dos membros do Sinédrio, porém, já está tomada. Sereno, Jesus entrega sua vida nas mãos do Pai em prol da redenção de toda a humanidade. De fato, na sexta-feira, do alto da cruz brota um sussurro que atravessa os tempos e chega a todos nós: “Eu sou o vosso perdão, eu sou a Páscoa da Salvação, sou a vossa luz, a vossa Ressurreição” (Melitão de Sardes).
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