Reflexão do Evangelho - Sexta-feira 06 de Março
Reflexão do Evangelho
Mt 21, 33-43.45-46 -
Parábola dos vinhateiros homicidas
Sexta-feira 06 de
Março
Refletindo
paz, calor interior, luz divina e misericórdia, as parábolas retratam a
benevolência e o carinho de Jesus para com todos. Na medida em que as ouvimos, afastam-se
de nós a frieza interior e a insensibilidade da alma, e implantam-se em nossos
corações as Leis do Reino de Deus, realidade espiritual, que nos transmite alegria,
coragem e segurança. O relato da
presente parábola descreve inúmeros detalhes alegóricos, que nos reportam ao povo
de Israel, descrito por Isaías como a vinha de Deus.
O envio de numerosos mensageiros
à vinha assinala a solicitude e o carinhoso cuidado do Pai com seu povo. Mas os
vinhateiros, arrendatários da vinha, não os recebem, armam-se de agressiva violência
e os submetem ao mesmo tratamento dado aos profetas: eles são rejeitados,
maltratados e, até mesmo, mortos. Caso alguém deles retorne ao dono da vinha, a
quem cabe parte dos frutos, ele estará com as mãos vazias, ainda que seja “o
tempo dos frutos”. A reação dos vinhateiros desperta duras e amargas palavras
de S. João Crisóstomo: “Apesar de terem sido objeto de uma tão grande
solicitude, os vinhateiros, representando o povo da Aliança, superaram os
pecadores e os publicanos, em sua atitude sanguinária e isto desde o início”.
A
crueldade atinge o seu auge. O Pai envia à vinha seu próprio filho, designado como
“o herdeiro”, “imaginando: ‘irão poupar o meu filho”’. Não obstante, a ganância os domina, a tal
ponto que, movidos pelo desejo de se apoderarem da herança, “eles o agarram e, lançando-o
para fora da vinha, o matam”. Certamente uma alusão à sua pessoa, o Filho do
Altíssimo, o Herdeiro enviado pelo Pai celestial, que será rejeitado e morto pelos
seus concidadãos. “Por isso, comenta S. Irineu, o Pai consignou a vinha, já não
mais cercada, mas dilatada por todo o mundo, a outros colonos que dêem fruto ao
seu tempo, com a torre de eleição levantada no alto firme e formosa; porque em
todas as partes resplandece a Igreja; e, em cada lugar, está cavado, ao redor,
o lagar, pois sempre há os que recebem o Espírito”.
Destituídos
os primeiros arrendatários, a responsabilidade do Reino é transferida a um povo
que, qual nova plantação de Deus, há de produzir frutos a seu devido tempo. Exclama
S. Agostinho: “Que se desperte no homem ‘a sede interior’, que se lhe abra ‘o
olhar interior’ e ele possa contemplar a luz, luz que ninguém poderá
obscurecer”. Lançado fora, morto, Ele se torna a pedra angular do novo povo
que, permanecendo em profunda e inenarrável comunhão com o Pai, é regenerado e
restaurado em sua grandeza. Ele então produzirá, segundo o S. Paulo, “frutos do
Espírito” (Gl 5,22).
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