Reflexão do Evangelho - Quarta-feira 18 de Março
Reflexão do Evangelho
Jo 5, 17-30 - Discurso sobre as obras do Filho
Quarta-feira 18 de Março
Em seu agir livre e misericordioso, Deus jamais dispensa a nossa liberdade. Caso contrário, não seríamos pessoas responsáveis e, em última análise, não haveria o bem e o mal, que nos permitem modelar a nossa identidade. Por conseguinte, para agirmos bem e de modo justo, urge deixar agir em nós o fogo purificador do Espírito divino, que nos comunica o dom do discernimento para distinguir o que é preciso admitir e o que necessitamos rejeitar em nossas decisões. Só então, seremos, em Deus, libertos da escravidão do pecado e de toda maldade. E algo maravilhoso efetiva-se em nossa vida: a presença da salvação, da restauração e do perdão prometidos a todos os que aceitam a divina mensagem de Jesus. Prova de que o Pai continua a nutrir infinito amor por nós.
Mas há os que recusam o convite do Senhor e consideram inadmissível o fato de ele falar e agir em nome e no poder do Pai. Assim procediam as autoridades religiosas de sua época, que o acusam de “não cumpridor do sábado” e “blasfemador”. Diante disso, tornam-se ainda mais vigorosas, no Evangelho de S. João, as palavras referentes às obras do Filho. Ele as faz não por conta própria, mas de acordo com a vontade do Pai, “o que este faz, o Filho o faz igualmente” (v.19). Palavras decisivas, que o tornam igual ao Pai, de maneira que quem não respeita o Filho não respeita o Pai.
O Evangelho, em sua mensagem central, transmite o amor de um Deus que entrega seu Filho, “para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna” (3,16). Nesse sentido, apesar da rejeição e dos ataques pessoais, Jesus não condena, nem faz ameaças de castigo. O julgamento é feito pelos próprios ouvintes. Pela opção que fazem, eles se julgam, ou escolhem o lado dos que creem, vivendo como filhos de Deus, ou se decidem pelos que abraçam as trevas do pecado, e vivem como “filhos do maligno”. Ele veio sim para salvar, e seu desejo é suscitar o amor pelo Pai, para que todos se tornem transparência e testemunha da verdade.
Num suspiro amoroso, Ele diz: “vem a hora, e é agora” (v.25). Não há delongas, decide-se por Ele “agora”, decisão livre e imediata, e estabelece ou não comunhão eterna com o Pai. Pois ao Filho, foi dado o poder de dar àqueles que o acolhem vida eterna, vida autêntica e definitiva. Porquanto, escreve S. Agostinho, “o Filho age unido ao Pai, não no sentido de que o Pai faça obras que são depois imitadas pelo Filho, mas eles agem conjuntamente”. Consequentemente, se vivemos e realizamos as obras de Jesus, desde já, somos salvos e participamos da glória do Pai e do Filho: “Agora é o tempo da salvação” (Lc 19,9). Caso não as realizemos, distanciamo-nos de Jesus e, igualmente, do Pai.
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