Reflexão do Evangelho - Quarta-feira 22 de Abril e Quinta-feira 23 de Abril

Reflexão do Evangelho
Jo 6, 30-51- Eu sou o pão da vida
Quarta-feira 22 de Abril e Quinta-feira 23 de Abril

       Ao lado de Jesus, aglomera-se uma multidão. De modo claro e singelo, Ele acaba de afirmar: “Eu sou o pão da vida”. As pessoas se entreolham e um murmúrio se eleva. Sobretudo porque a essas palavras Jesus acresceu uma referência ao maná dado por Moisés, no deserto, que “vossos pais, diz Ele, comeram e, no entanto, morreram”. Ao contrário, o pão, ao qual Ele se refere, desceu do céu e é garantia de vida eterna, pois quem dele comer não morrerá. A admiração de todos é grande. Diante dessas palavras, muitos, inclusive os Apóstolos, ficam profundamente chocados com o realismo das palavras do Mestre. Alguns lembravam as palavras ditas em Nazaré: “Não é Ele o filho do carpinteiro?” Por que está agora dizendo que desceu do céu? Sentiam-se enganados quando o ouvem dizer que lhes daria sua carne para comer. Como é possível? Como entender essas suas palavras?
       Para os ouvintes, à primeira vista, elas refletem uma inaudita ousadia, sugerem ser Ele o segundo e perfeito Moisés, em quem se realizará a totalidade da salvação, ou seja, a entrada definitiva na Terra Prometida. Seus ouvintes o interpretam ao pé da letra. Jesus, porém, não pensa na restauração do reino de Israel, mas sim na realização última e perfeita da nova aliança com o Pai, memorada pela Eucaristia, o pão vivo, que anuncia e realiza a nossa adesão à ação salvadora de Deus.         
       Perplexos, os Apóstolos cochicham entre si: “Estas palavras são difíceis; quem pode entendê-las?” Percebendo o que se passava em seus corações, Jesus procura explicar que suas palavras não se reduzem ao sentido literal ou à finitude da realidade humana, pois “o que eu vos disse são espírito e vida”. Ele se refere ao “pão do céu”, ao “pão da vida”, e deseja avivar no coração dos discípulos a fé, fonte de vida nova, que os conduzirá a participar de uma vida duradoura e imortal.
Mais tarde, a caminho do martírio, S. Inácio de Antioquia proclama que pela Eucaristia sua vida se orienta “para a eternidade”, não no sentido de ela ser um mero prolongamento da vida terrena ou um “descanso eterno”, mas abertura para uma vida nova, que o situará na própria órbita divina. Por sua vez diz S. Ambrósio: “Quem come a vida não pode morrer. Ide a Ele e saciai-vos, porque Ele é o pão da vida. Ide a Ele e sereis iluminados, porque Ele é a luz. Ide a ele e vos tornareis livres, porque onde está o Espírito do Senhor lá está a liberdade”. O Corpo eucarístico é aquele do Deus feito homem, que incluiu em sua vida toda a nossa finitude, toda a nossa condição de morte, para tudo plenificar com a sua luz e glória.

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