Reflexão do Evangelho - Segunda-feira 13 de Abril

Reflexão do Evangelho
Jo, 3, 1-8 - Encontro com Nicodemos (I)
Segunda-feira 13 de Abril

         As palavras de Jesus deixavam uma impressão forte em todos os que o ouviam. Um deles foi Nicodemos, que o procura no silêncio da noite, às escondidas, querendo evitar a crítica dos demais membros do Sinédrio. Ao chegar, ele saúda Jesus: “Rabi, sabemos que vens da parte de Deus, como um mestre, pois ninguém pode fazer os sinais que fazes se Deus não estiver com ele”. Ouvindo-o e compreendendo o que se passa no seu coração, Jesus retruca-lhe: “Em verdade, te digo: quem não nascer do alto não pode ver o Reino de Deus”.  Admirado pela inesperada e imediata reação de Jesus, ele procura defender-se: “Nascer de novo, como pode isto acontecer?” Seu coração está inquieto e confuso. Ao rebater as palavras do Senhor, sua voz assume um tom áspero: “Pode alguém voltar ao seio de sua mãe e nascer de novo?”
Com uma doce ironia, Jesus lhe responde: “Tu mestre em Israel e não sabes essas coisas”. Mas reconhecendo a dificuldade de ele compreender suas palavras, volta a dizer: “Quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no Reino de Deus. O que nasceu da carne é carne, o que nasceu do Espírito é espírito. Não te admires de eu te haver dito: deveis nascer do alto”. O doutor da Lei sente-se desafiado. Talvez até aquele momento, Nicodemos não tivesse enfrentado para valer semelhante combate interior. Embora teime em permanecer no sonambulismo cotidiano, ele percebe que é preciso livrar-se das areias que, em sua alma, encobrem a fonte de água viva. Mas ele não se rende.
       O diálogo com Jesus estende-se. Quase num último esforço, Cristo utiliza a imagem do vento, que sopra onde quer, ouve-se o seu ruído, mas não se sabe donde vem, concluindo: “Assim acontece com todo aquele que nasceu do Espírito”. Nicodemos sente o impacto dessas palavras, que o colocam diante do mistério da liberdade, em cujo limiar os doutores da Lei esbarravam. Mas Jesus não apenas se refere à liberdade, Ele diz ser a verdade da liberdade, pois quem nasce do alto é guiado pela fé e se situa para além do sistema de práticas rituais e prescrições cultuais.   
        Comovido, Nicodemos sente suas dúvidas se dissiparem. Nada lhe impede de nascer do alto e participar, na pessoa de Cristo, da presença do amor e da graça divina. Sua vida é um convite para que nos afastemos das garras da ignorância e do pecado, e deixemos brilhar em nós a luz divina. Se como Nicodemos bebermos a água viva, renasceremos do alto e “endossaremos as vestes da luz inefável e, na plenitude da acolhida ilimitada de Jesus, participaremos, desde já, da vida eterna” (Pseudo-Macário).  

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