Reflexão do Evangelho - Terça-feira 28 de Abril

Reflexão do Evangelho
Jo 10, 22-30 - Jesus se declara Filho de Deus
Terça-feira 28 de Abril

Certa feita, Jesus encontrava-se “andando sob o pórtico de Salomão” e sua figura perturbava os fariseus e doutores da Lei. A curiosidade era grande, não menos a maldade presente em seus corações. Alguns se aproximam dele e lhe perguntam se Ele era ou não de fato o Messias, que, no parecer deles, viria para restabelecer o reino de Israel, reino de justiça e de paz. A questão era bastante atual, sobretudo, em vista da opressão romana a que estavam submetidos.
O olhar de Jesus parecia divagar, estava distante, pois via por trás da fachada solene e majestosa dos que o interrogavam a arrogância e a maldade. Seu silêncio, porém, os constrange. O Evangelista diz que “era a inverno” para significar, comenta S. Agostinho, “que o coração de seus ouvintes estava gelado, pois não se deixavam aquecer pelo fogo divino, do qual só se aproxima pela fé”. Impacientes, eles insistem: “Até quando nos manterás em suspenso? Diz-nos abertamente”. Talvez temessem que Ele lhes falasse em parábolas. Cauteloso, Jesus não declara ser o Cristo, não quer que pensem ser Ele o Messias guerreiro e político. E, voltando-se para eles, de modo direto e simples, responde-lhes: “Já vos disse, mas não acreditais. As obras que faço, em nome de meu Pai, dão testemunho de mim; mas vós não credes porque não sois das minhas ovelhas”.
Bastavam-lhes os sinais realizados: a cura do cego e tantos outros milagres. Mas para que não permanecessem prisioneiros da tradição e surdos ao seu anúncio, fala-lhes de sua intimidade com o Pai e de sua misericórdia. Ouvindo aquelas palavras, um murmúrio de indignação se espalha entre eles. A única resposta são as pedras, que querem atirar contra Ele, “porque sendo homem, dizem eles, tu te fazes Deus”.
Em contraste a eles, tantos outros escutam a sua voz e o seguem. A estes, para exasperação de seus inimigos, Jesus declara: “Eu lhes dou a vida eterna”. E não só. Eles jamais se perderão, pois Ele os recebeu do Pai e ninguém, mesmo que venha com a audácia do ladrão ou com a violência do salteador, poderá arrancá-los de suas mãos. Palavras que sensibilizam seus discípulos e lhes transmitem profunda confiança, pois, conclui Jesus: “Meu Pai, que me deu tudo, é maior que todos”. Segundo S. Agostinho, essas palavras se referem à natureza e ao poder divino conferido pelo Pai a Jesus, o divino Pastor.
 A relação de unidade com o Pai aparece como privilégio seu, pertence só a Ele, levando-o a concluir: “Eu e o Pai somos um só”. A indignação de seus inimigos é grande. Mas sereno e sem se retratar, Jesus vai além e estende a filiação divina a todos os que o acolhem. Suas palavras comunicam alegria, doçura, ternura imensa, sinal do encontro com Deus e da acolhida ilimitada do próximo.  

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