Reflexão do Evangelho - Quinta-feira Santa 02 de Abril

Reflexão do Evangelho
Jo 13, 1-15 – Última Ceia
Quinta-feira Santa 02 de Abril
      
       Ao cair da tarde, Jesus entrou na cidade de Jerusalém com os discípulos. Por ordem do Senhor, Pedro e João foram à casa de “alguém” e disseram-lhe que o Mestre ia celebrar lá a Páscoa com os seus discípulos. Quando Jesus chega, tudo já está preparado: no andar de cima, uma ampla sala, pronta, varrida e sobre a mesa alguns pratos com o pão ázimo, as jarras de vinho e as taças. Na hora da ceia, segundo a tradição, todos se estenderam sobre pequenos leitos baixos: João ao lado do Mestre, Pedro na frente e Judas não muito distante. Através de hinos e orações, aquele momento sagrado foi perpetuado pela Igreja nascente e será motivo de inspiração para grandes mestres como Giotto e Leonardo da Vinci. Durante a ceia, Jesus anuncia solenemente: é chegada a “hora”, e a hora é agora. Todos em silêncio o contemplam. Com o coração palpitante de amor, Ele então faz o seu último e mais íntimo discurso, que o evangelista introduz com as palavras: “Tendo amado os seus, que estavam no mundo, amou-os até o fim”. “Até o fim”, expressão que significa não só o último momento, mas “a plenitude”, o prenúncio do seu brado no alto da cruz: “tudo está consumado”.
Após lavar simbolicamente as mãos, rito prescrito para o início da ceia, para surpresa de todos, Jesus levanta-se, cinge-se com uma toalha e põe-se a lavar os pés dos Apóstolos. Segundo costume judaico, tal gesto deveria ter acontecido antes de eles terem ido à mesa. Gesto geralmente confiado a um servo ou escravo. Mas na comunidade de Jesus não havia e nem poderia haver a função de servos, pois esta é exercida pelo próprio Mestre. Jesus é o servo de Deus e dos homens. Pasmos, eles o veem passar de um a outro discípulo, lavando seus pés. Ao chegar junto a Pedro, este protesta: “Senhor, tu, lavar-me os pés?” A resposta do Senhor é imediata: “O que faço, não compreendes agora, mas o compreenderás mais tarde”. E, indo além do simples rito da ceia pascal, o Mestre lhe diz: “Se não te lavar, não terás parte comigo”.  Com aquele gesto, Jesus antecipa o rito de purificação, rito necessário para fazer parte do seu convívio e participar da vida de comunhão com o Pai. Depois de lavar os pés dos Apóstolos, “Jesus voltou à mesa e lhes disse: Compreendeis o que vos fiz?” Ora, se eu vos lavei os pés, “vós que me chamais de Mestre e Senhor e dizeis bem, pois eu o sou”, muito mais, entre vós, “vos deveis também lavar os pés uns aos outros”.
 Retomando a ceia, “enquanto comiam, Jesus tomou o pão e, depois de pronunciar a bênção, o partiu, e o deu a eles dizendo: tomai, isto é o meu corpo’”. O fato de partir o pão e distribui-lo exprime a fraternidade e a comunhão entre eles e, para os primeiros cristãos, irá caracterizar a Eucaristia como “fração do pão”. A seguir, tomou “o cálice de ação de graças” e disse: “este é o cálice do meu sangue”, o sangue da nova Aliança, derramado na cruz. Jamais a ceia deixará de estar associada à cruz. Celebrá-la será participar do amor infinito do Senhor, presente de modo real no meio de nós. E a vida cristã será um constante lava-pés, um serviço despretensioso ao próximo. Assim, compreende-se que não é possível aproximar-se da Eucaristia, caso não se viva o espírito do lava-pés, segundo a recomendação do próprio Senhor: “Sabendo disso, vós sereis felizes, se o praticardes” (Jo 13,17).   

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