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Mostrando postagens de junho, 2015

Reflexão do Evangelho - Quinta-feira 02 de Julho

Reflexão do Evangelho Mt 9,1-8 - Cura do paralítico e perdão dos pecados Quinta-feira 02 de Julho        Mais uma vez, Jesus chega à sua cidade, onde lhe “trouxeram um paralítico, deitado num catre”. Os que o rodeiam esperam que ele seja curado. Comenta S. Hilário de Poitiers: “É necessário examinar atentamente as palavras da cura. Ao paralítico não é dito imediatamente: sê curado ou levanta-te e caminha, mas: ‘tem ânimo, meu filho; os teus pecados te são perdoados’”. A cena faz-nos sentir o palpitar do coração amoroso do Senhor. Os gestos e as palavras refletem seu carinho por aquele homem e nos permitem reconhecer o consolo e refrigério de todas as pessoas que, na dor e na angústia, abrem-se à liberdade de um amor profundo e gracioso. Jesus não impõe uma norma, mas ao perdoar, revela-lhe a força interior de uma vida voltada à gratuidade do amor. “Não tenhas medo; tem somente fé”, repetia constantemente aos que curava. Pela fé, o paralítico, que tinha sido curado em seu coraç

Reflexão do Evangelho - Quarta-feira 01 de Julho

Reflexão do Evangelho Mt 8, 28-34 - A cura dos endemoninhados gadarenos Quarta-feira 01 de Julho               A simples presença de Jesus perturbava e irritava os endemoninhados, que reclamavam o direito de agir livremente nas regiões da Decápole.  Situada do outro lado do mar da Galileia, ela era uma das cidades habitadas por gregos, sob a jurisdição da província da Síria. Ao ver Jesus, eles puseram-se a gritar: “Que existe entre nós e ti, Filho de Deus? ” Impressionadas, as multidões sentem um medo sagrado diante do poder sobrenatural, que irradia de sua presença e marca sua vitória contra o reino do mal, onde imperam a luta e a divisão. Jesus comunica harmonia, unidade, amor.  Mas eis que se aproxima dele um homem possuído pelo demônio, descrito como possuidor de grande força: “Ninguém podia dominá-lo, nem mesmo com correntes”. Porém para surpresa de todos, vendo Jesus, ele se prostra e, sem resistência, declara conhecer a sua identidade de Filho do Deus altíssimo. Com u

Reflexão do Evangelho - Terça-feira 30 de Junho

Reflexão do Evangelho Mt 8, 23-27 - Tempestade acalmada Terça-feira 30 de Junho         Ventos e águas revoltas. No meio do lago, lá pela hora do crepúsculo, encontram-se Jesus e os discípulos numa barca, sacudida pelo vento, que fazem as ondas despencarem sobre eles. Os apóstolos, marinheiros de profissão, pressentem o perigo. Na popa, tomado pelo cansaço, Jesus dormia. Mas, a agitação das águas e o choque do barco contra as ondas não o perturbam. Apavorados, eles clamam pelo Mestre, que intrépido, de pé, coloca-se ante o vento e o mar, e grita: “Silêncio! Cala-te! ” À diferença do salmista ou de Jonas, que invocam o auxílio de Deus, Jesus age por Ele mesmo, o que suscita a exclamação dos Apóstolos: “Que homem é este, que até os ventos e o mar lhe obedecem? ” Três séculos mais tarde, S. Atanásio declara: “Aquele que ordenou ao mar não era uma criatura, mas sim o Criador”.        Desde os primeiros séculos, os cristãos leem neste milagre a figura da Igreja. A tempestade e as

Reflexão do Evangelho - Segunda-feira 29 de Junho

Reflexão do Evangelho Mt 8, 18-22 - Exigências da vocação apostólica Segunda-feira 29 de Junho        Fascinados, muitos ouviam Jesus falar do triunfo de Deus sobre o reino das trevas, do pecado e do mal. Inclusive, os fariseus e os escribas, que com grande respeito o chamavam de Rabi , Mestre. Criou-se assim ao seu redor um clima de alegria e de amor. Impressionava-os seu modo compassivo e misericordioso para com os fracos e pecadores, e o rigor exigido dos discípulos e seguidores. A estes, Ele lançava um forte apelo para livrá-los do comodismo e levá-los a acolher o poder misericordioso de Deus. Mas com os hipócritas e vendilhões do Templo, Ele era duro e, por vezes, até irônico: “Coam um mosquito e engolem um camelo”. Porém, a simplicidade e a serenidade não o abandonavam o que permite Goethe dizer: “Todos os quatro Evangelhos transmitem um reflexo daquela grandeza espiritual, cuja fonte foi a própria pessoa do Cristo, ápice espiritual mais divino do que qualquer outra cois

Reflexão do Evangelho - Domingo 28 de Junho

Reflexão do Evangelho Mt 16, 13-19 - Confissão de São Pedro Domingo 28 de Junho        Na bela cidade de Cesareia, reedificada pelo tetrarca Felipe no ano 3-2 a.C, desejando formar e constituir o novo povo de Deus, Jesus interroga seus discípulos: “Quem dizem os homens que eu sou? ” A opinião popular identificava-o com um dos profetas do passado. “Responderam-lhe: uns afirmam que és João Batista, outros que és Elias, outros, ainda, que és Jeremias ou um dos profetas”. Voltando-se para os Apóstolos, Ele pergunta: “E vós quem dizeis que eu sou? ” Eles pressentem, diz S. Hilário, que, “para além do que se via nele, havia algo mais”. A resposta decisiva e imediata, não fundada em premissas puramente humanas, é dada por Pedro, em nome de todos: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”. Momento solene e revelador. Por detrás e através de suas palavras, Pedro expressa a realidade divina de Jesus, confirmada por Ele próprio ao dizer: “Feliz és tu, Simão, filho de Jonas! Não foram o sang

Reflexão do Evangelho - Sábado 27 de Junho

Reflexão do Evangelho Mt 11, 25-30 - Evangelho revelado aos simples Sábado 27 de Junho        Pôs-se Jesus a dizer: “Eu te louvo, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e doutores e as revelaste aos pequeninos”. Os termos “céu e terra” designam toda a criação, segundo observa Santo Agostinho. Certamente, o orgulho intelectual, a frieza de coração e o fanatismo fecham o homem para as coisas de Deus e de seu Reino. O orgulho, aliás, é a raiz de todos os vícios e exerce grande influência sobre nós, impelindo-nos ao pecado. Jesus contrasta o orgulho com a atitude de uma criança em sua simplicidade e humildade. O simples de coração vê sem pretensões, reconhece sua dependência de Deus e nele confia. As vocações de Davi e de Jeremias são dois exemplos, entre tantos outros, da predileção de Deus pelos pequenos e simples. Davi era um jovem pastor quando foi escolhido por Ele para ser rei de Israel. De origem camponesa, Jeremias não passava de um jo

Reflexão do Evangelho - Sexta-feira 26 de Junho

Reflexão do Evangelho Mt 8, 1-4 -Cura de um leproso Sexta-feira 26 de Junho         Um leproso se aproxima de Jesus e suplica: “Senhor, se queres, tens poder para purificar-me”. Pela Lei mosaica, a lepra era considerada uma doença passível de excomunhão. Quem a contraísse seria excluído do convívio comunitário e se, por acaso, alguém fosse curado, ele devia submeter-se ao rito de purificação. Por isso, ao milagre da cura de um leproso, sinal dos tempos messiânicos, liga-se a purificação.                                          Apesar de tantas restrições e normas, o leproso não hesita. Aproxima-se do Mestre, que, sereno, não se afasta, acolhe-o. A pureza interior de Jesus é intocável. A cena comove os Apóstolos, levando-os à admiração e ao enlevo espiritual. De sua parte, profundamente sensibilizado, o leproso se prosterna, em sinal de adoração e, num ato de profunda humildade e de abandono confiante, implora: “Se queres, podes limpar-me”.           Colocando-se acima da

Reflexão do Evangelho - Quinta-feira 25 de Junho

Reflexão do Evangelho Mt 7, 21-29 - Os verdadeiros discípulos Quinta-feira 25 de Junho               Aos olhos de Jesus, não escapava o andar arrogante dos doutores da Lei, que mantinham uma atmosfera de falsa piedade e de formalismos cultuais. Sem desprezá-los, mas querendo preservar os Apóstolos desse perigo, recomenda-lhes: “Nem todo aquele que me diz ‘Senhor, Senhor’, entrará no Reino dos Céus, mas sim aquele que pratica a vontade de meu Pai que está nos céus”. Para ser salvo, não basta aparentar piedade, é necessário ter fé. Fé autêntica, fundada no cumprimento da vontade do Pai e na prática do bem. A dicotomia entre o “dizer” e o “fazer” é desconhecida a Jesus para quem dizer é fazer (rhêma, em grego, ou dâbâr, em hebraico). Por conseguinte, dizer Senhor, Senhor, é comprometer-se a viver de acordo com os ensinamentos de Jesus e a testemunhar a sua mensagem. É a vida do discípulo que dá consistência e respaldo à sua palavra; é ela que lhe permite desdobrar suas possibil

Reflexão do Evangelho - Quarta-feira 24 de Junho

Reflexão do Evangelho Lc 1, 57-66.80 - Natividade de S. João Batista Quarta-feira 24 de Junho                 O último dos profetas do Antigo Testamento, João Batista, tem por missão preparar a vinda de Jesus, o Salvador. Graças ao paralelismo traçado pelo Evangelista S. Lucas entre ele e Jesus, sua missão se realiza desde o seu nascimento. Sua circuncisão, cerimônia de entrada na comunidade de Israel, é celebrada, segundo a prática judaica, com festas e com a presença de parentes e vizinhos. Muitos participam daquele momento festivo, acotovelam-se, trocam ideias e comentam entre si o fato extraordinário de Isabel, mulher já idosa, ter concebido um filho. Acontecimento comovedor, ocasião de grande regozijo.           Finalmente, chegada a hora da cerimônia, um nome devia ser dado à criança. Ele devia refletir a história da família. Mas grande foi o espanto de todos quando Isabel diz que ele se chamaria João. Alguns chegaram a objetar, outros insistiam que ele recebesse o nom

Reflexão do Evangelho - Terça-feira 23 de Junho

Reflexão do Evangelho Mt 7, 6.12-14 - Não deis aos cães o que é santo Terça-feira 23 de Junho        No relacionamento com o próximo, também com o que é precioso e sagrado, faz-se necessário o dom do discernimento, arte de distinguir e reter o que deve ou não ser feito ou dito. Nesse sentido, o Senhor urgia a prática da “regra de ouro”, que devia inspirar os Apóstolos e levá-los a fazer ao outro o que esperavam que ele lhes fizesse. Semelhante dito sapiencial de autoproteção já se encontrava, em forma negativa, em Tobias (4,15). Jesus o insere no contexto dos mandamentos de Deus e o transforma em ato de amor, do qual dependem “toda a lei e os profetas”. A seguir, Jesus alerta os discípulos sobre o perigo de atentar contra o que é consagrado a Deus, dando aos cães o que é santo ou atirando pérolas aos porcos. Pois, como escreve S. Hilário de Poitiers, “o apelo evangélico visa a não expor os mistérios divinos a quem não os merece ou não está preparado para acolhê-los”. Os Após

Reflexão do Evangelho - Segunda-feira 22 de Junho

Reflexão do Evangelho Mt 7, 1-5 - Não julgueis para não serdes julgados Segunda-feira 22 de Junho                 Ao dizer: “Não julgueis para não serdes julgados”, Jesus não se refere a um julgamento de valor, mas a um julgamento de condenação eterna. A forma verbal, no final da frase: “para não serdes julgados”, é um “passivo divino”, em que o sujeito, evidentemente, é Deus, pois a nenhuma criatura cabe determinar a salvação ou a condenação eterna de alguém. A perspectiva é escatológica, e fala do fim dos tempos.  Já anteriormente, os mestres de Israel se tinham pronunciado contra o julgamento desfavorável ao próximo, negando-lhes a justificação. Situando-se no nível dos relacionamentos humanos, Jesus quer simplesmente alertar os discípulos contra o moralismo negativo, que produz uma série de proibições, e anunciar o amor ao próximo, que constitui o centro de sua mensagem. O intuito é estimulá-los a crescer no amor fraterno e na prática do perdão, pois conforme um dito rab

Reflexão do Evangelho - Domingo 21 de Junho

Reflexão do Evangelho Mc 4, 35-41- Tempestade acalmada Domingo 21 de Junho           Ventos e águas revoltas. No meio do lago, lá pela hora do crepúsculo, encontram-se Jesus e os discípulos numa barca, sacudida pelo vento, que fazem as ondas despencarem sobre eles. Os apóstolos, marinheiros de profissão, pressentem o perigo. Na popa, tomado pelo cansaço, Jesus dormia. Mas, a agitação das águas e o choque do barco contra as ondas não o perturbam. Apavorados, eles clamam pelo Mestre, que intrépido, de pé, coloca-se ante o vento e o mar, e grita: “Silêncio! Cala-te!” À diferença do salmista ou de Jonas, que invocam o auxílio de Deus, Jesus age por Ele mesmo, o que suscita a exclamação dos Apóstolos: “Que homem é este, que até os ventos e o mar lhe obedecem?” Três séculos mais tarde, S. Atanásio declara: “Aquele que ordenou ao mar não era uma criatura, mas sim o Criador”.        Desde os primeiros séculos, os cristãos leem neste milagre a figura da Igreja. A tempestade e as onda

Reflexão do Evangelho - Sábado 20 de junho

Reflexão do Evangelho Mt 6, 24-34 - Deus e o dinheiro Sábado 20 de junho               Jesus não está à procura de servos, mas de irmãos ou de amigos que tenham por Ele um amor desinteressado. Espera deles uma decisão firme, livre e sincera. Certa feita, suas palavras tornam-se ainda mais incisivas e diretas. Ele coloca quem o segue diante da escolha entre Deus e o dinheiro, pois urge optar por um ou por outro senhor, “ou odiará um e amará o outro, ou se apegará ao primeiro e desprezará o segundo. Não se pode servir a Deus e ao dinheiro”. Não se decidindo, o discípulo permanece ansioso e dividido no seu interior. Então em meio a dúvidas e incertezas, o medo o assalta e, ainda que quisesse se submeter a Deus, ele sucumbe e é levado a alimentar o amor desenfreado pelo luxo e pela avareza.        É necessário tomar uma decisão, por um ou por outro mestre. Mestre é aquele que comanda o modo de pensar e os ideais de quem o segue, chegando mesmo a controlar os anseios do seu coraç

Reflexão do Evangelho - Sexta-feira 19 de Junho

Reflexão do Evangelho Mt 6, 19-23 - O verdadeiro tesouro Sexta-feira 19 de Junho        O Reino de Deus é essencialmente a revelação de Deus mesmo, agindo em nossa história, comunicando-se a nós. Absolutamente superior a tudo o que é transitório, o Reino de Deus se realiza em nós na medida em que, na pessoa de Jesus, participamos de sua filiação divina. Sem se constituir um reino particular em meio a uma série de outros do mesmo gênero, ele penetra a tessitura da vida natural, e é sinal vivo de um reino do qual se pode dizer, desde o início, que não é “deste mundo”. Manifesta-se nele a realeza de Deus, que não é só um “deus do céu”, mas “o Deus do céu”; não no sentido de um deus distante ou ocioso, mas do “Deus do céu e da terra”, total e imediatamente presente, presente e ativo. Mesmo as pessoas deformadas pelo pecado e penetradas pela malícia sentem atração pelo Reino, a Terra Prometida, o verdadeiro tesouro, “onde nem a traça, nem o caruncho destroem e onde os ladrões não a

Reflexão do Evangelho - Quinta-feira 18 de Junho

Reflexão do Evangelho Mt 6, 7-15 - A oração do Pai-Nosso Quinta-feira 18 de Junho               Três vezes ao dia, os judeus eram convidados a orar, e os rabinos tinham uma oração para cada ocasião. Jesus, homem de oração constante, alerta os discípulos contra o formalismo que podia conferir um cunho impessoal e mecânico às preces. A propósito disso, Cromácio de Aquileia escreve que, “segundo as palavras do Mestre, nossa oração não é medida pela prolixidade de palavras, mas pela fé do coração e pelas obras de justiça”. São Cirilo de Alexandria recorda que “a loquacidade era chamada de ‘ batologia’ , palavra proveniente do nome de um grego chamado Batto, autor de longos hinos, prolixos e cheios de repetições, em honra dos ídolos. Ao contrário, diz ele, Jesus ordena orar com brevidade, sóbria e sucintamente, pois Deus conhece nossas necessidades antes mesmo que as exponhamos”. O próprio Jesus oferece múltiplos exemplos e belos ensinamentos a respeito de uma vida dedicada à ora

Reflexão do Evangelho - Quarta-feira 17 de Junho

Reflexão do Evangelho Mt 6, 1-6.16-18 - A esmola em segredo Quarta-feira 17 de Junho            Para os judeus, a oração, o jejum e a vigilância eram as colunas mestras da vida religiosa e constituíam os sinais característicos da pessoa piedosa. No tempo de Jesus, porém, muitos os praticavam com o simples intuito de se mostrar justo, sem um correlato interior. Era pura ostentação. Para Jesus, a verdadeira piedade é mais do que parecer bom ou santo. Na paciência do amor, Ele adverte: “Guardai-vos de praticar a vossa justiça diante dos homens para serdes vistos por eles”. Ao invés, para evitar uma piedade puramente formal, Ele aponta Deus e os irmãos, como referência essencial das ações humanas.    Ao ouvi-lo, os discípulos compreendem que a vaidade e a vanglória jamais serão parâmetros de suas atividades. Em suas obras, há de resplandecer a glória de Deus, porque o que fazem é por causa dele e não para serem vistos pelos homens. Comenta S. João Crisóstomo: “Uma pessoa pode de

Reflexão do Evangelho - Terça-feira 16 de Junho

Reflexão do Evangelho Mt 5, 43-48 - Amor aos inimigos Terça-feira 16 de Junho        Oculto em sua humanidade, o Filho de Deus não só se dá a conhecer como “suprema epifania” do amor incomensurável de Deus, mas também nos inclui em sua vida humano-divina. Nele, amamos a Deus e, no mesmo amor concedido a nós por Ele, amamos o próximo. Eis a chave da nossa esperança, com a qual abrimos a porta do nosso coração para entrever o novo horizonte do povo de Israel, renovado por Jesus. Sem negar a afetividade ( éros ) força natural para o bem, vivemos o amor-doação ( ágape ), que confere asas à alma e a eleva ao belo e ao desejo da felicidade eterna. Com efeito, a comunhão em Deus, além de superar todas as fronteiras de raça e de preconceitos, torna o éros , força presente no coração humano, e o amor divino ( ágape ), conaturais à condição humana.          Por isso, sem qualquer receio, os primeiros cristãos proclamam a total compatibilidade do eros e do ágape , colocando-os no inte

Reflexão do Evangelho - Segunda-feira 15 de Junho

Reflexão do Evangelho Mt 5, 38-42 - Olho por olho e dente por dente Segunda-feira 15 de Junho        Ao interpretar a Torá, dá-se, com Jesus, a mudança da esfera cultual para a esfera moral-espiritual. Se a Lei proibia o assassinato, Jesus quer banir do coração humano o ódio, raiz do delito. Se os códigos do Antigo Testamento falam do princípio de compensação, referendada pela lei romana do “talión”: Vida por vida, olho por olho, Jesus apregoa amar os próprios inimigos. Aliás, a prática da Lei do Talião foi perdendo sua força, e no tempo de Jesus, provavelmente, já havia tomado a forma de compensação pecuniária. Evidenciava-se, antes, a proximidade privilegiada de Deus junto ao seu povo, do qual Ele se aproximou mais do que qualquer outro povo. Esta adoção, revelada pelo Filho Jesus, impulsionava os ouvintes a assemelharem-se sempre mais ao Pai, lutando contra o sentimento de vingança e vencendo o mal com o bem. Com surpresa, os doutores da Lei o ouviam proclamar: “Sede perf

Reflexão do Evangelho - Domingo 14 de Junho

Reflexão do Evangelho Mc 4, 26-34 - Parábola da semente que germina por si só e grão de mostarda (parábolas do Reino de Deus) Domingo 14 de Junho           Em todas as parábolas do Reino, Jesus destaca que a iniciativa é sempre de Deus.  Apesar de que os meios sugeridos sejam bem simples: fermento, semente, os resultados são extraordinários. A propósito, comenta S. Ambrósio: “O Reino cresce em silêncio com os bons pensamentos humanos” e, nesse mesmo sentido, S. Gregório Magno fala da semente, que semeada no coração, “permite-nos conceber bons desejos; o seu crescimento é constante: no início, quando começamos a fazer o bem, somos ainda erva, mas quando progredimos na prática do bem, crescemos e chegamos a ser espigas. Finalmente, já sólidos na prática do bem, alcançamos a perfeição e, como espigas, seremos grãos maduros”.           Contando parábolas, Jesus sugere aos seus discípulos a forma discreta e humilde de como irá se instalar o Reino de Deus ou a sua realeza sobre o

Reflexão do Evangelho - Sábado 13 de Junho

Reflexão do Evangelho Lc 2, 41-51 – Jesus entre os doutores Sábado 13 de Junho               Cada ano, José ia a Jerusalém para a festa da Páscoa. Embora as mulheres não fossem obrigadas a ir, Maria, mulher de oração, amava estar no Templo para orar e participar das celebrações. “Quando o menino completou doze anos”, a maioridade segundo a Lei, Maria o levou consigo. A Praça do Templo regurgitava de peregrinos, que entoavam salmos e, alegres, louvavam ao Senhor. Terminados os festejos, José e Maria uniram-se à caravana que retornava a Nazaré. Após um dia de caminhada, ao darem-se conta de que o Menino não estava entre os parentes e amigos, imediatamente, “voltaram a Jerusalém à sua procura”. Com dificuldade atravessavam a cidade ainda repleta de gente, o coração deles pulsava forte, seus olhos corriam de um lado para outro. O Menino, onde estaria Ele? Dirigem-se então ao Templo, lá os doutores e escribas costumavam prolongar-se em instruções e debates sobre a interpretação d

Reflexão do Evangelho - Sexta-feira 12 de Junho

Reflexão do Evangelho Jo 19, 31-37 – O golpe de lança - (Festa do S. Coração de Jesus) Sexta-feira 12 de Junho No dia 14 Nisan , ao meio-dia, um grupo de pessoas avança em direção ao Gólgota. Relembra o Evangelista: “Era a preparação para a Páscoa”, momento histórico do êxodo, marcado pela imolação do Cordeiro pascal. Por volta das três horas, após sentir em seus lábios uma esponja embebida de vinagre, Jesus com voz forte brada: “Tudo está consumado”. Palavras que traduzem, segundo Orígenes, “a entrega confiante de seu espírito nas mãos do Pai”. Passaram-se alguns minutos e para que se observasse o costume judaico de os corpos não ficarem na cruz durante o sábado, os soldados se aproximaram da cruz e quebraram as pernas dos que estavam junto a Jesus. Não podendo mais se apoiar sobre os pés para respirar, eles morreram rapidamente, asfixiados.  “Chegando a Jesus e vendo-o já morto, não lhe quebraram as pernas, mas um dos soldados traspassou-lhe o lado com a lança, e imediatamen

Reflexão do Evangelho - Quinta-feira 11 de Junho

Reflexão do Evangelho Mt 10, 7-13 - A missão dos Doze Quinta-feira 11 de Junho                   Um dia, Jesus participava de uma festa de casamento e, alertado por sua mãe, percebe o constrangimento do dono da casa. Tinha acabado o vinho, e para que o organizador da festa não se envergonhasse, Ele manifesta, pela primeira vez, o seu poder. O fato impressiona vivamente seus discípulos, que tinham deixado as redes sem hesitar para segui-lo. Mais tarde, Jesus escolhe dentre eles doze Apóstolos e os “envia a proclamar o Reino de Deus e a curar”. Com ênfase, recomenda-lhes que nada levem consigo, pois Ele os quer livres de todo apego aos bens materiais e de toda preocupação em obter posses terrenas. A partir daquele dia, eles viverão desapegados de tudo, sem preocupações como os pássaros do céu. No entanto, nas areias áridas do desprendimento e da renúncia, suspirando por um refrigério, eles vislumbram no horizonte, num oásis de paz, o vulto do Senhor, que os proverá. “A glória

Reflexão do Evangelho - Quarta-feira 10 de Junho

Reflexão do Evangelho Mt 5, 17-19 - Cumprimento da Lei Quarta-feira 10 de Junho               Jesus acaba de falar das “boas obras” e da obediência ao Pai. Para os fariseus, a frutuosa resposta à vontade do Pai seria o cumprimento da Lei entregue a Moisés no Sinai. No entanto, eles exacerbavam a submissão à Lei, de tal modo que a liberdade, sem vínculos significativos e espirituais, assumia feições de escravidão. Para o Senhor, ao contrário, o pressuposto é a ação livre, base da responsabilidade pessoal e exclusão do determinismo no agir. Por isso, de modo solene, “em verdade vos digo”, Jesus expõe seu posicionamento em relação à Lei, aos Profetas e, por conseguinte, em relação a todo o Antigo Testamento.        O Senhor esclarece a questão da Lei e da liberdade. Ele é a favor da liberdade, que em sentido estrito engloba o sacrifício da própria vida. Mas evita a suposição de que, vindo em nome do Pai para cumprir uma missão, Ele estaria ab-rogando a Lei. Se Ele alerta os dis

Reflexão do Evangelho - Terça-feira 09 de Junho

Reflexão do Evangelho Mt 5, 13-16 Vós sois o sal da terra e a luz do mundo Terça-feira 09 de Junho        A Boa-Nova anunciada por Jesus é que Deus não abandonou os homens. E não só. Ele quer que eles sejam partícipes da glória eterna, e que a vinda do seu Filho ao mundo, o “dia do Senhor”, ateste o fato de Ele continuar a abençoar a criação e a amar a humanidade. Então, o homem compreende que seu fim último é a união das duas naturezas, a divina e a humana, pois, em Cristo, o Céu desceu ao mundo e o homem se elevou até à plenitude divina. Do seu coração, afastam-se o medo, a angústia, a solidão, e em harmonia com a vida, ele é transfigurado, realizado. A única condição que se coloca é a de não se fechar sobre si mesmo, negando comunicar-se com Deus e com os outros. Aos Apóstolos cabe proclamar essa vida nova e realizada. Não só a eles, mas também a todos os seus seguidores. Para designar essa missão que lhes é dada, Jesus emprega imagens simples e populares, como a do sal e

Reflexão do Evangelho - Segunda-feira 08 de Junho

Reflexão do Evangelho Mt 5, 1-12 - As bem-aventuranças Segunda-feira 08 de Junho                                   No alto de uma colina, Jesus sentou-se e como mestre pôs-se a ensinar a multidão que o acompanhava. “E nos corações dos discípulos, salienta São Leão Magno, a mão veloz do Verbo escrevia os decretos da nova Aliança”, para todos os povos. São as bem-aventuranças.  O termo grego “makários” (bem-aventurado), que corresponde a “baruk”, em hebraico, é empregado para expressar paz, felicidade, bênção. Por oito vezes, Jesus o repete para designar o ideal do verdadeiro discípulo: a serenidade no tempo presente e a felicidade eterna na visão de Deus. O desejo de Jesus é comunicar aos discípulos a paz nesta terra e, especialmente, conduzi-los à bem-aventurança perfeita do céu, já participada aqui e agora, em meio aos sofrimentos e perseguições. Nesse sentido, a bem-aventurança é definida por S. Gregório de Nissa como “a vida pura e sem mistura. Ela é o bem inefável, incon