Reflexão do Evangelho - Sexta-feira 19 de Junho

Reflexão do Evangelho
Mt 6, 19-23 - O verdadeiro tesouro
Sexta-feira 19 de Junho

       O Reino de Deus é essencialmente a revelação de Deus mesmo, agindo em nossa história, comunicando-se a nós. Absolutamente superior a tudo o que é transitório, o Reino de Deus se realiza em nós na medida em que, na pessoa de Jesus, participamos de sua filiação divina. Sem se constituir um reino particular em meio a uma série de outros do mesmo gênero, ele penetra a tessitura da vida natural, e é sinal vivo de um reino do qual se pode dizer, desde o início, que não é “deste mundo”. Manifesta-se nele a realeza de Deus, que não é só um “deus do céu”, mas “o Deus do céu”; não no sentido de um deus distante ou ocioso, mas do “Deus do céu e da terra”, total e imediatamente presente, presente e ativo. Mesmo as pessoas deformadas pelo pecado e penetradas pela malícia sentem atração pelo Reino, a Terra Prometida, o verdadeiro tesouro, “onde nem a traça, nem o caruncho destroem e onde os ladrões não arrombam nem roubam”. 
       Todavia, Jesus conhece o que se passa no coração humano, e estabelece uma alternativa, não entre pobreza e riqueza, mas entre plenitude terrestre e temporária e plenitude celeste e eterna. Ou ainda, de um lado, o falso tesouro ou a avareza, estéril e de antemão condenada por uma morte inevitável; de outro, a generosidade que distribui aos mais pobres, o que lhe é concedido pela liberalidade do Criador e da natureza. Assim, no dizer de Clemente de Alexandria, “os ricos se salvam, restituindo a Deus, na pessoa de seus irmãos, as riquezas que lhes advêm de Deus”.

Por conseguinte, o verdadeiro tesouro são as bênçãos de uma relação sincera com Deus e com os irmãos, quaisquer que sejam as diferenças aparentes. Por ser progressiva, essa unidade não permite acomodação ou estagnação, pois não a temos toda num só instante, seja pelo fato de estar lá onde não supúnhamos estar, seja por sobrevir de modo surpreendente “num espaço e transparência de luz mística”. Assim o tesouro não se limita a um salário pelas boas ações, mas resulta, antes, de uma herança imperecível, revelada na consumação da história, como presença libertadora de Deus “com todas as suas riquezas” (Mestre Eckhart). O tesouro é incomensurável. S. Basílio Magno, que se despojou de todos seus bens em favor dos pobres, com veemência exorta: “É necessário dizer: Eu saciarei a alma do pobre, eu abrirei meus celeiros, convidarei todos os infelizes. Lançarei este apelo magnífico: vós que não tendes pão, vinde a mim! Que cada um tome a sua parte, como de uma fonte que pertence a todos, dos bens dados por Deus!”

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