Reflexão do Evangelho - Quarta-feira 03 de Junho

Reflexão do Evangelho
Mc 12, 18-27 - Ressurreição dos mortos
Quarta-feira 03 de Junho

       Pelo fato de impedir a realização temporal do seu projeto de futuro, a possibilidade da morte causa angústia e sofrimento ao ser humano. Mas sua consciência não se limita à realidade física, nem é absorvida por ela. A consciência a ultrapassa e projeta na dimensão futura seu desejo de unidade e de comunhão. O que lhe permite compreender-se como vida em comunhão e como comunhão de vida, perpetuada no amor e na misericórdia de um Deus, que, nas palavras de Jesus, “não é um Deus de mortos, mas sim de vivos; todos, com efeito, vivem para Ele”. Então, o homem do deserto sacia sua sede na inesgotável fonte de água viva. 
Lá estavam, ouvindo Jesus, os saduceus, que não admitiam nada além do que seus olhos podiam constatar. Procurando mostrar que a ressurreição dos mortos resulta inútil e mesmo impossível, eles recordam o Pentateuco, segundo o qual, “se um homem morre sem filhos, seu irmão deverá casar com a viúva, para dar descendência ao irmão defunto”. É a lei do levirato. Pois bem, eram sete irmãos e todos a tiveram como esposa sem deixar filhos. Caso houvesse ressurreição, “de quem a mulher seria esposa? ” Portanto, é inconcebível falar de uma vida futura, pois nos céus, eles estariam disputando pela mulher, que lhes tinha pertencido, sucessivamente. Procurando ridicularizar Jesus, eles concluem que não se pode falar de uma vida futura, ela se limita simplesmente à realidade humana.
De modo enfático, Jesus diz estarem eles “no erro” e “não conhecerem as Escrituras”, e, com firmeza, declara que elas, desde o começo, revelam o poder do espírito, sopro vital, presença da vida que é mais forte que a morte. Dirá S. Agostinho: “Uma vida sem eternidade é indigna do nome de vida. Verdadeira é só a vida eterna”. Para Jesus, a imortalidade é mais do que a sobrevivência, é vida feliz junto de Deus. Assim, ao pedido do bom ladrão: “Jesus, lembra-te de mim quando chegares ao teu reino”, Ele comunica-lhe esperança e conforto: “Em verdade te digo: ainda hoje estarás comigo no paraíso”. Último ato da vida terrena, a morte é também o momento do encontro do homem com aquele que é plenitude de vida. S. Hilário de Poitiers interroga-se: “Podia o Deus imortal dar-nos uma vida sem outro horizonte que a morte? Podia inspirar-nos tanto desejo de viver, se não pudéssemos ir além dos horrores da morte? ”

Se durante a peregrinação terrena, o homem não teve a possibilidade de uma decisão definitiva que abrangesse toda sua vida, no momento da morte, diante de Deus, livre dos condicionamentos e dos limites próprios de sua natureza terrena, ele é capaz de tomar uma decisão que implica todo seu ser e seu destino eterno. De acordo com as decisões tomadas ao longo da vida, ele se decide por uma vida de abertura e de comunhão ou de fechamento sobre si mesmo. O encontro com Deus é determinante; ou se entrega totalmente a Ele e vive o amor, ou se priva de Deus e se fecha aos outros, isolando-se. 

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