Reflexão do Evangelho - Domingo 21 de Junho
Reflexão do Evangelho
Mc 4, 35-41-
Tempestade acalmada
Domingo 21 de Junho
Ventos e águas revoltas. No meio do lago, lá pela hora do crepúsculo, encontram-se
Jesus e os discípulos numa barca, sacudida pelo vento, que fazem as ondas
despencarem sobre eles. Os apóstolos, marinheiros de profissão, pressentem o
perigo. Na popa, tomado pelo cansaço, Jesus dormia. Mas, a agitação das águas e
o choque do barco contra as ondas não o perturbam. Apavorados, eles clamam pelo
Mestre, que intrépido, de pé, coloca-se ante o vento e o mar, e grita:
“Silêncio! Cala-te!” À diferença do salmista ou de Jonas, que invocam o auxílio
de Deus, Jesus age por Ele mesmo, o que suscita a exclamação dos Apóstolos: “Que
homem é este, que até os ventos e o mar lhe obedecem?” Três séculos mais tarde,
S. Atanásio declara: “Aquele que ordenou ao mar não era uma criatura, mas sim o
Criador”.
Desde
os primeiros séculos, os cristãos leem neste milagre a figura da Igreja. A
tempestade e as ondas em reboliço lembram a violência da morte do Senhor e as
turbulências pelas quais a Igreja há de passar ao longo de sua história. Mas, a
exemplo dos Apóstolos, ela confia no Senhor, que lhe trará paz e bonança. Diz
Orígenes: “Todos vós que navegais na barca da fé, todos vós que passais através
das ondas deste mundo na barca da Igreja santa com Cristo, embora Ele durma em
piedoso descanso, vigiam vossa paciência e perseverança. Com ardor, aproximai-vos
dele, insistindo com orações”.
Jesus dorme. Seu
silêncio fala da constante e serena presença daquele que tudo pode, ainda que por
vezes, pareça não estar atento às necessidades e perigos dos que nele esperam. Observa
S. Agostinho: “Se naufragas, é porque Cristo dormiu em ti. Esqueceste o Cristo.
Desperta o Senhor e traze-o à memória. Despertar Jesus é pensar nele. Nasce a tentação,
eis o vento; perturbação que te vem, eis as ondas. Desperta Cristo e Ele falará
contigo e tu exclamarás: ‘Quem é este, a quem até o vento e o mar obedecem!’”
Logo
a tempestade cessou completamente. Pasmos, mas fortalecidos interiormente, os
Apóstolos ressurgem para uma vida de comunhão com Cristo, que os conduz a ter
confiança inabalável em Deus. Dia após dia, eles crescem na sublime experiência
do amor divino e entregam-se a Jesus, numa alegria indizível. Nos umbrais do
mistério, deles, afasta-se o temor e, em Jesus, eles se reconhecem filhos amados
do Altíssimo.
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