Reflexão do Evangelho - Sexta-feira 26 de Junho
Reflexão
do Evangelho
Mt
8, 1-4 -Cura de um leproso
Sexta-feira
26 de Junho
Um leproso se aproxima de Jesus e
suplica: “Senhor, se queres, tens poder para purificar-me”. Pela Lei mosaica, a
lepra era considerada uma doença passível de excomunhão. Quem a contraísse seria
excluído do convívio comunitário e se, por acaso, alguém fosse curado, ele
devia submeter-se ao rito de purificação. Por isso, ao milagre da cura de um
leproso, sinal dos tempos messiânicos, liga-se a purificação.
Apesar de tantas restrições e normas,
o leproso não hesita. Aproxima-se do Mestre, que, sereno, não se afasta,
acolhe-o. A pureza interior de Jesus é intocável. A cena comove os Apóstolos,
levando-os à admiração e ao enlevo espiritual. De sua parte, profundamente
sensibilizado, o leproso se prosterna, em sinal de adoração e, num ato de
profunda humildade e de abandono confiante, implora: “Se queres, podes
limpar-me”.
Colocando-se acima da interdição da Lei,
Jesus estende a mão e o toca. Toca-o, ciente de que, longe de ser contaminado
pelo leproso, Ele pode purificá-lo. Levantando os olhos, e dirigindo-se a
todos, proclama: Não é do exterior que provém a impureza, mas sim do interior
do coração. E “movido de compaixão, estendeu a mão, tocou-o e disse: ‘Eu quero,
sê curado’”. O que faz pensar nas palavras de S. Cirilo de Alexandria: “Ele lhe
concede o toque de sua mão santa e onipotente e, imediatamente, a lepra se
afastou dele e o seu sofrimento terminou”. Então, o santo alexandrino exclama:
“Uni-vos a mim na adoração a Cristo, que exercia contemporaneamente o poder
divino e corpóreo, Ele o cura e o toca”. Orígenes dirá que Jesus “o tocou para
demonstrar humildade e ensinar-nos a não desprezar ninguém, por causa das
feridas ou manchas do corpo”. Por isso, ele recomenda: “Que não haja em nossa
alma a lepra do pecado; que não retenhamos em nosso coração nenhuma
contaminação de culpa, e se a tivermos, adoremos ao Senhor e lhe digamos: ‘Senhor,
se queres, podes limpar-me’”.
Apesar de ser miraculosa, a cura do
leproso não é, simplesmente, uma ocorrência medicinal. É fruto do carinho de Jesus,
principalmente. Ele “tem compaixão” e o leproso, curado em sua carne, sentiu-se,
sobretudo, amado, acolhido, reabilitado. Os santos compreenderam bem o sentido
espiritual do milagre. S. Francisco de Assis, por exemplo, beija o leproso que
ele encontra ao longo do caminho, e sente verdadeira doçura em seu coração. Fato
que transforma sua vida e caracteriza sua conversão como entrega radical ao
Senhor, pois, no leproso, ele experimenta Deus, que com suavidade e ternura o
chama a crescer, cada vez mais, na acolhida do Mistério do seu amor. Não houve
necessidade de muitas experiências, uma única já conduz Francisco à visão de um
mundo novo, mais fraterno e solidário. Então, ele recorda as palavras de Jesus:
“Quem não renunciar a si mesmo e tomar a sua cruz não é digno de mim”. S.
Isaac, referindo-se às palavras do leproso, comenta que ele confessa duas
coisas, “sua impureza e o poder do Senhor, e implora uma terceira: a cura”. E conclui:
“Todo homem que invoca o nome do Senhor, com confiança, será salvo e ouvirá: ‘Eu
quero, sê curado’”.
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