Reflexão do Evangelho - Segunda-feira 22 de Junho

Reflexão do Evangelho
Mt 7, 1-5 - Não julgueis para não serdes julgados
Segunda-feira 22 de Junho
      
         Ao dizer: “Não julgueis para não serdes julgados”, Jesus não se refere a um julgamento de valor, mas a um julgamento de condenação eterna. A forma verbal, no final da frase: “para não serdes julgados”, é um “passivo divino”, em que o sujeito, evidentemente, é Deus, pois a nenhuma criatura cabe determinar a salvação ou a condenação eterna de alguém. A perspectiva é escatológica, e fala do fim dos tempos.  Já anteriormente, os mestres de Israel se tinham pronunciado contra o julgamento desfavorável ao próximo, negando-lhes a justificação.
Situando-se no nível dos relacionamentos humanos, Jesus quer simplesmente alertar os discípulos contra o moralismo negativo, que produz uma série de proibições, e anunciar o amor ao próximo, que constitui o centro de sua mensagem. O intuito é estimulá-los a crescer no amor fraterno e na prática do perdão, pois conforme um dito rabínico, “quem julga seu vizinho favoravelmente, será favoravelmente julgado por Deus”. Se por um lado, é fácil levantar um preconceito, por outro é difícil julgar o outro de modo imparcial. Torna-se, porém, praticamente impossível, quando se trata de um julgamento espiritual, que deverá levar em conta o interior e as intenções alimentadas no coração de quem é julgado. Não se consegue ler o que se passa no interior do outro, tampouco se tem acesso às suas intenções e aos fatores interiores e mesmo exteriores que determinam a sua ação.
 Impõe-se então o lema diário: “Pensar sempre o melhor do outro”. O que não exclui a exigência da correção fraterna, que tem por condição amar aquele a quem se repreende. Muito ao contrário dos doutos fariseus, que, com desprezo, evitavam ter contato com os que eles consideravam pecadores, nítido era o carinho de Jesus para com os excluídos, os publicanos e mesmo as prostitutas. “Não só os sãos que precisam de médico, mas os doentes. Ide e aprendei o que significa ‘Eu quero misericórdia e não sacrifícios’. Não vim chamar os justos, mas os pecadores”, proclama o Mestre.

Portanto, “não julgar” não é apenas uma questão de prudência, mas sim de amor, como destaca S. Agostinho: “Alguém pecou por cólera, e tu o repreendes com ódio. Há grande diferença entre cólera e ódio, assim como entre um cisco e uma trave. Pois o ódio é a cólera entranhada: com o tempo, ele adquire tanta força que de cisco poderá se transformar em trave. Se tu só te irritas, tu podes ter a boa vontade de corrigir o culpado; mas se tu o odeias, tu não podes querer sua emenda. Lança para longe de ti teu ódio: e então, este homem que tu amas, tu poderás corrigir”.

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