Reflexão do Evangelho - Terça-feira 02 de Junho
Reflexão do Evangelho
Mc 12, 13-17 – Dar a
César o que é de César
Terça-feira 02 de
Junho
As autoridades judaicas queriam colocar Jesus em uma situação difícil
quando lhe fizeram a pergunta sobre o pagamento do imposto devido ao Império
romano. Havia um ressentimento popular diante do odiado imposto, o que
colocaria a população contra Jesus, caso sua resposta fosse positiva. Se
dissesse não, estaria fornecendo aos seus adversários elementos para uma
acusação política e, assim, obteria de Pilatos a sua condenação.
Após mostrar que conhecia bem a má fé dos
seus adversários, Jesus dá a eles uma lição incontestável, que se apoiava na
realidade testemunhada pela própria moeda. A seguir, como de costume, Ele
amplia o debate. Primeiramente, Jesus expõe “um princípio geral”, válido no
domínio político-religioso, para só então se colocar acima do político e
recordar os direitos de Deus. Contra a pretensão de dominação religiosa, Jesus
afirma a realidade do domínio político, ao dizer: “Dai a César o que é de César”.
Contra o domínio totalitarista e a ingerência indevida no religioso, o
cesarismo, Ele afirma os direitos superiores de Deus, os quais devem ser
respeitados, ou seja, dar a Deus o que é de Deus. São João Crisóstomo dirá mais
tarde: “O preceito de dar a César o que é de César se estende ao que não se
opõe ao serviço devido a Deus. Caso contrário, não seria mais um tributo pago a
César, mas a Satã! ”.
Há, sem dúvida, um profundo significado nas palavras de Jesus. Ele nos
recorda que trazemos em nós a imagem (sfragis)
de Deus, pois fomos criados à sua imagem e semelhança. Tertuliano observa que
se deve dar a César a imagem de César que se encontra na moeda, e a Deus a
imagem de Deus que está no homem: “Assim, darás a César a moeda e tu te darás a
Deus”. Na opinião de Ghiorghiu Florovski
(1893-1979), um dos mais destacados teólogos contemporâneos, Cristo não trouxe
aos homens uma carta de liberdade política e de independência, mas uma “carta
de salvação”, “o evangelho da vida eterna”, “a liberdade do pecado e da morte,
o perdão dos pecados e a vida eterna”, o que causou profunda repercussão na
ordem cultural, social e política.
Sem dúvida, a resposta de Jesus foi compreendida pelo fariseu que lhe
fez a pergunta maliciosa. Como os demais fariseus, ele considerava as moedas
romanas contrárias à Lei por causa da imagem de César nelas gravada. Mas, ao
acrescentar que devíamos dar a Deus o que era de Deus, Jesus desperta a
consciência de todos para o fato de serem imagem de Deus, o que reduz seus
adversários ao silêncio e os leva à admiração. Suas palavras foram hábeis, mas
também verídicas. Eis um ensinamento novo, transcendente, que exige ser
“meditado em seu coração!”, como exclama São Gregório de Nazianzo, que também
nos adverte: “O velho Adão foi ultrapassado, o novo o suplantou. Em Cristo
nasce uma nova criação: renovemo-nos”.
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