Reflexão do Evangelho - Quarta-feira 17 de Junho

Reflexão do Evangelho
Mt 6, 1-6.16-18 - A esmola em segredo
Quarta-feira 17 de Junho
  
        Para os judeus, a oração, o jejum e a vigilância eram as colunas mestras da vida religiosa e constituíam os sinais característicos da pessoa piedosa. No tempo de Jesus, porém, muitos os praticavam com o simples intuito de se mostrar justo, sem um correlato interior. Era pura ostentação. Para Jesus, a verdadeira piedade é mais do que parecer bom ou santo. Na paciência do amor, Ele adverte: “Guardai-vos de praticar a vossa justiça diante dos homens para serdes vistos por eles”. Ao invés, para evitar uma piedade puramente formal, Ele aponta Deus e os irmãos, como referência essencial das ações humanas.   
Ao ouvi-lo, os discípulos compreendem que a vaidade e a vanglória jamais serão parâmetros de suas atividades. Em suas obras, há de resplandecer a glória de Deus, porque o que fazem é por causa dele e não para serem vistos pelos homens. Comenta S. João Crisóstomo: “Uma pessoa pode de fato dar esmola diante dos homens, sem ter a intenção de ser vista. Como também pode dar esmola em segredo, mas desejando ser vista pelos homens. Por isso o Senhor não considera só o ato de dar esmola em si mesmo, mas acrescenta a vontade presente no ato de dá-la. O que conta mesmo é a vontade que acarreta punição ou recompensa”. A questão crucial é a liberdade optativa, traduzida no exercício de uma busca constante do que é reto, justo, puro, movimento da vontade a caminho da perfeição.    
Nesse sentido, S. Gregório de Nissa pergunta: “Desejas uma glória imortal? Mostra tua vida, no segredo, àquele que é suficientemente poderoso para proporcionar a glória que desejas. Tens medo de uma vergonha eterna? Tema aquele que manifestará tua vergonha no Dia do Julgamento”. Nos primeiros anos da vida da Igreja, um autor anônimo escreve: “Deus reside no segredo do coração e não num lugar secreto. É o próprio Deus que revela o bem realizado nesta vida e, na outra, glorificará quem o fez, pois a glória é de Deus”. 

       Nesta perspectiva, Deus não se coloca acima de nós, nem diante de nós; presente em nossa vida, Ele nos leva à prática do bem e a dar sua própria resposta de amor, pois “Ele é mais íntimo a mim do que eu a mim mesmo” (S. Agostinho). No silêncio da alma, “no segredo do coração”, nós nos encontramos com o Filho unigênito do Pai eterno, no qual vivemos, com quem rezamos, jejuamos e damos esmola. Numa fé viva, numa esperança firme e caridade ardente, nós nos colocamos na presença palpitante daquele do qual dependemos totalmente. 

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