Reflexão do Evangelho - Quinta-feira 18 de Junho
Reflexão do Evangelho
Mt 6, 7-15 - A oração
do Pai-Nosso
Quinta-feira 18 de
Junho
Três vezes ao dia, os judeus eram
convidados a orar, e os rabinos tinham uma oração para cada ocasião. Jesus, homem
de oração constante, alerta os discípulos contra o formalismo que podia
conferir um cunho impessoal e mecânico às preces. A propósito disso, Cromácio
de Aquileia escreve que, “segundo as palavras do Mestre, nossa oração não é
medida pela prolixidade de palavras, mas pela fé do coração e pelas obras de
justiça”. São Cirilo de Alexandria recorda que “a loquacidade era chamada de ‘batologia’, palavra proveniente do nome
de um grego chamado Batto, autor de longos hinos, prolixos e cheios de
repetições, em honra dos ídolos. Ao contrário, diz ele, Jesus ordena orar com
brevidade, sóbria e sucintamente, pois Deus conhece nossas necessidades antes
mesmo que as exponhamos”.
O próprio Jesus oferece múltiplos exemplos e belos ensinamentos a
respeito de uma vida dedicada à oração, característica essencial dos que
desejam entrar no Reino dos Céus. Certa feita, ao terminar a oração, a pedido
dos Apóstolos, Ele comunica-lhes com palavras muito simples sua prece filial, a
oração do Pai-Nosso. Preciosa herança, que a Igreja conserva e solenemente eleva
ao Pai, por ocasião do Batismo e, segundo a “tradição” atestada pelo Apóstolo
São Paulo, na celebração eucarística.
O
Pai-Nosso está muito presente na vida da Igreja. A Didaqué, ou Doutrina dos Doze Apóstolos (de 60 a 80 d.C.), antes de
transcrever o Pai-Nosso, determina: “Assim orareis três vezes ao dia”. A
recomendação de “entregar” esta oração aos catecúmenos, ou seja, àqueles que se
preparam para ser batizados, é feita com belíssimos comentários por muitos
Padres, entre os quais Tertuliano, São Cirilo de Jerusalém, Santo Agostinho e
São Pedro Crisólogo. Ao comentar o Pai-Nosso, São Cipriano, por exemplo, faz
importantes recomendações, entre elas a de lembrarmos que, ao se dizer
“santificado seja o vosso nome”, não estamos santificando o Senhor com nossas
orações, “mas pedimos a Ele que o seu nome seja santificado em nós”.
Ao dizermos a oração do Pai-Nosso, expressamos o desejo de ter uma vida
voltada para Deus, no cumprimento de sua santíssima vontade. Desse modo, após confessarmos
que o seu nome é santificado em nós, nosso coração se abre aos nossos semelhantes,
pois não dizemos “meu” Pai, mas “nosso” Pai, e suplicamos “nosso” pão de cada
dia. E imploramos o perdão de “nossas” dívidas, assim como perdoamos aos
“nossos” devedores. Em suma, ao rezar o Pai-Nosso, o discípulo de Jesus vivencia
a presença de Deus que o ama e, mergulhado em sua inefável misericórdia,
abandona todo o egoísmo e se abre à comunhão com os irmãos, no perdão e no
amor. Ele não procura o próprio proveito; o filho confia em seu Pai.
A comunhão com Deus é então fortalecida
e, no cumprimento de sua santíssima vontade, colocamo-nos no serviço generoso e
despretensioso aos nossos semelhantes. Com S. Agostinho, Bispo de Hipona,
suplicamos: “Senhor, ensina-nos a nos amarmos e a nos perdoarmos mutuamente.
Concede-nos a força espiritual esperada para fazer o bem e para alcançar o
fruto das boas obras”.
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