Reflexão do Evangelho do dia 02 de Janeiro de 2013


Quarta-feira - 02 de janeiro
Jo 1, 19-28: Testemunho de João Batista
           
            No início da missão pública de Jesus, o Evangelho apresenta a austera e solene pessoa de S. João Batista. Ele veio preparar os caminhos do Senhor. É o último dos profetas do Antigo Testamento, imediatamente antes da inauguração da vinda de Jesus, que irá batizar no Espírito Santo. Diante da questão sobre quem era ele, conhecendo as intenções dos que o interrogavam, ele refuta: “Eu não sou o Cristo”. O título Cristo designava o Messias, o “ungido”, o enviado escatológico, o novo Davi, esperado por todo o povo como aquele que veria para libertá-lo do jugo estrangeiro e, portanto, restabelecer o reino de Israel.
 A curiosidade é grande. Desejosos de saber, de seus lábios, o que ele dizia a seu respeito, os mensageiros voltam a insistir. Com clareza e a bom som, ele declara não ser o Messias, aquele que daria início ao “Tempo Final”. Ele apresenta-se, simplesmente, como a voz que clama no deserto e prepara, pela conversão, os corações dos que vêm a ele, “batizando-os com água”. Mas acrescenta: virá aquele “do qual não sou digno de desatar a correia da sandália”. Ao que diz S. Beda: “Ele, que podia chegar a ser sumo sacerdote conforme a Lei, formado interiormente pelo inquebrantável princípio da verdade, preferiu ser arauto do novo sacerdote em lugar de ser sucessor e herdeiro do antigo. Movido pelo Espírito, convocou o povo para ir ao deserto e anunciou-lhe os mistérios do Novo Testamento. Preferiu a fome e a sede, ao contínuo oferecimento de vítimas”.
            Geograficamente, ele encontra-se no vale inferior do Jordão, no deserto perto de Jericó. Na Bíblia, o termo deserto assume seu sentido religioso, para indicar um lugar de retiro, de recolhimento, de silêncio e de penitência. Deserto seria lugar onde Deus se manifesta e no qual, pela oração, o coração se abre à vontade divina.
Mas João Batista não se furta à pergunta dos que o acompanham. Com clareza e convicção, ele responde: “Eu batizo com água” para a penitência, pois para acolher Jesus é necessário tirar “a areia dos olhos”, no dizer de S. Agostinho, “para servir concretamente o próximo”. A salvação é uma realidade na história e já surgem, no horizonte, os albores da paz e da alegria espiritual, com o perdão e a remissão dos pecados a serem concedidos por Jesus. S. Hilário de Poitiers declara que “aos profetas cabe apregoar o arrependimento dos pecados, enquanto a Cristo pertencia a missão de salvar os que depositavam fé em seu nome”. Se João Batista batiza para a conversão, “após ele, veria alguém mais poderoso, ao qual ele não seria digno de desatar a sandália” (S. Hilário), visto que o batismo de Jesus, no Espírito Santo e no fogo santificador, purifica os corações e a mente para ver Deus. O vulto humano de Deus vai se delineando e já se escuta a potente voz daquele que tira o pecado do mundo.

Dom Fernando Antônio Figueiredo

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