Reflexão do Evangelho do dia 17 de Janeiro de 2013
Quinta-feira – 17 de janeiro
Mc 1, 40-45: Cura de um leproso
Um leproso se aproxima de Jesus e
suplica: “Senhor, se queres, tens poder para purificar-me”. Mas pode o leproso colocar
toda sua confiança em Jesus? Os discípulos respondem afirmativamente. Na
certeza de que ele é capaz de aliviá-los das aflições e doenças, eles depositam
no coração do Senhor todas as preocupações. Porém, agora, lá está um leproso. Pela
Lei mosaica, a lepra era considerada uma doença passível de excomunhão. Quem a
contraísse seria excluído do convívio comunitário e se, por acaso, alguém fosse
curado, ele devia submeter-se ao rito de purificação. Por isso, ao milagre da
cura de um leproso sinal dos tempos messiânicos, liga-se a purificação.
Apesar de tantas restrições e normas, o leproso não hesita. Aproxima-se
do Metre, que, sereno, não se afasta, acolhe-o. A pureza interior de Jesus é
intocável. A cena comove os Apóstolos, levando-os à admiração e ao enlevo espiritual. De sua
parte, profundamente sensibilizado, o leproso se prosterna, em sinal de
adoração e, num ato de profunda humildade e de abandono confiante, implora: “Se
queres, podes limpar-me”.
Colocando-se acima da interdição da
Lei, Jesus estende a mão e o toca. Toca-o, ciente de que, longe de ser
contaminado pelo leproso, ele pode purificá-lo. Aos ouvidos dos discípulos,
soam as palavras de Jesus: Não é do exterior que provém a impureza, mas sim do
interior do coração. Assim, “movido de compaixão, estendeu a mão, tocou-o e
disse: ‘Eu quero, sê curado’”. S. Cirilo de Alexandria comenta: “Ele lhe concede
o toque de sua mão santa e onipotente e, imediatamente, a lepra se afastou dele
e o seu sofrimento terminou”. Então, o santo alexandrino exclama: “Uni-vos a
mim na adoração a Cristo, que exercia contemporaneamente o poder divino e
corpóreo, Ele o cura e o toca”. Orígenes dirá que Jesus “o tocou para
demonstrar humildade e ensinar-nos a não desprezar ninguém, por causa das
feridas ou manchas do corpo”. E continua: “Que não haja em nossa alma a lepra do
pecado; que não retenhamos em nosso coração nenhuma contaminação de culpa, e se
a tivermos, adoremos ao Senhor e lhe digamos: ‘Senhor, se queres, podes
limpar-me’”.
Embora miraculosa, a cura do leproso
não é, simplesmente, uma ocorrência medicinal. É fruto do carinho de Jesus. Ele
“tem compaixão” e o leproso, curado em sua carne, sentiu-se, sobretudo, amado,
aceito e reabilitado. Os santos compreenderam bem o sentido do milagre. S.
Francisco de Assis, por exemplo, beija o leproso, que ele encontra ao longo do
caminho, e sente verdadeira doçura em seu coração. Esse fato transforma sua
vida e caracteriza sua conversão como entrega radical ao Senhor, pois, no
leproso, ele experimenta Deus, que, com suavidade e rigor, o chama a crescer,
cada vez mais, na acolhida do Mistério do seu amor incompreensível. Não havia
necessidade de muitas experiências, pois uma única já o conduz à visão de um
mundo novo, mais fraterno e solidário. Então, Francisco compreende as palavras
do Senhor: “Quem não renunciar a si mesmo e tomar a sua cruz não é digno de
mim”. S. Isaac, referindo-se às palavras do leproso, comenta que ele confessa
duas coisas, “sua impureza e o poder do Senhor, e implora uma terceira: a cura”.
E ele conclui: “Todo homem que invoca o nome do Senhor, com confiança, será
salvo e ouvirá: ‘Eu quero, sê curado’”.
Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
Comentários
Postar um comentário