Reflexão do Evangelho do dia 08 de Janeiro de 2013
Terça-feira – 08 de janeiro
Mc 6, 34-44: Multiplicação dos pães (primeira)
Logo após ter recebido a notícia da
morte de João Batista, Jesus se retira para um lugar solitário. S. Jerônimo
observa que “ele o faz não por temer a morte, mas para impedir que os seus
inimigos acrescentem um homicídio a outro ou para estender o momento de sua
morte até à Páscoa”. Segundo S. João Crisóstomo, Jesus se retira “por não desejar
que a sua identidade fosse desde já conhecida”. Mas a multidão não o abandona, segue-o
onde quer que ele esteja. Talvez, movida por curiosidade ou por gratidão pelos
benefícios recebidos. Ao vê-la, Jesus “teve compaixão dela” e, percebendo que
ela está faminta, pergunta a Felipe: “Onde compraremos pão para que todos estes
tenham o que comer?” Ele bem sabia, diz o Evangelho, o que havia de fazer. Àquela
multidão de cinco mil pessoas ele vai manifestar a generosidade e a ternura do seu
coração. Ela e os Apóstolos irão constatar que quando Deus dá, ele o faz com
abundância. De fato, “todos ficaram saciados, e ainda recolheram doze cestos
cheios dos pedaços que sobraram”.
Exclama Eusébio de Emésia: “Num lugar
ermo, Aquele que lá está, está pronto a saciar a fome do mundo”. Ele toma os
poucos pães e peixes e multiplica-os em benefício de todos. Porém, deixa aos Apóstolos
a tarefa de distribui-los, o que é visto pela Tradição cristã como um gesto
profético: sinal da função dos Apóstolos e de seus sucessores na Igreja. Mais
tarde, o Senhor irá nomeá-los anunciadores da Boa-Nova do Evangelho para que a Palavra
de Deus se multiplique, como o pão rompido, oferecendo a todos os povos um
alimento superabundante, no dizer de S. Ambrósio e S. Agostinho.
Olhando para os céus, Jesus toma o
pão e rende graças. No dizer de S. Hilário de Poitiers, “para dar glória
Àquele, de quem Ele procedia: não que lhe fosse necessário olhar o Pai com seus
olhos de carne, mas para que a multidão compreendesse de quem provinha tal
poder”. Já no Êxodo, Deus alimentara o povo judeu no deserto com o maná do céu,
sombra do verdadeiro pão celestial, oferecido por Jesus a todos os povos. Generosidade
infinita do Senhor, expressa no único pão da Ceia. Jesus é o verdadeiro pão do
céu, ele é o pão da vida. O Ressuscitado se dá a nós na Eucaristia, que se
torna alimento de ressurreição, pois confessa S. Hipólito de Roma: “Quem come a
vida não pode morrer”.
Dom Fernando Antônio Figueiredo
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