Reflexão do Evangelho de quarta-feira 02 de dezembro
Reflexão
do Evangelho de quarta-feira 02 de dezembro
Mt
15,29-37 - Multiplicação dos pães (segunda)
Jesus sobe à montanha e senta-se. Os
enfermos que dele se aproximam são curados, sinal da presença de Deus e do seu
imenso amor por todos. Realizam-se em Jesus as palavras dos profetas que
anunciavam o Messias como aquele que reuniria as ovelhas dispersas e
desgarradas, feridas e débeis. E não só. O que aos discípulos parecia impossível,
alimentar naquele lugar desértico a multidão de pessoas que o seguia, torna-se
um fato real. À mente deles, surge a imagem da solicitude de Deus, alimentando
no deserto o povo de Israel.
De
fato, muitos dos que lá se encontram vieram de longe. Como alimentá-los? Quem
toma a iniciativa é o próprio Jesus, que, olhando ao seu redor, exclama: “Tenho
compaixão da multidão, porque já faz três dias que está comigo e não tem o que
comer”. Mais do que um simples sentimento, a palavra compaixão expressa algo
que provém do interior de sua alma, de suas entranhas (splagxvízomai). Com ternura, diz Ele: “Não quero despedi-los em
jejum, de medo que possam desfalecer pelo caminho” e, tomando os sete pães que lhe
apresentam, após a tríplice ação de bendizer, partir e dar, que terá seu
paralelo na última ceia, Ele lhes propicia alimento em abundância.
Este milagre é considerado pelos
Santos Padres como prenúncio da instituição da Eucaristia. Escreve S. Hilário
de Poitiers: “Aquela multidão é saciada pela Palavra de Deus, proveniente da
Lei e dos profetas, e da abundância do poder divino, reservado aos pagãos,
juntamente com o serviço do alimento eterno, comunicado aos Doze Apóstolos”. Com
efeito, também denominada “ágape”, a Eucaristia indica o amor generoso e
gratuito de Deus, doando-se à humanidade como alimento espiritual. É “a grande
santa Ceia messiânica, no dizer de S. Ambrósio, oferecida às comunidades,
provenientes de perto, os judeus, de longe, os pagãos”. Para participar dela,
mais importante do que lavar as mãos é purificar o coração, pois só assim se há
de ‘compreender’ que, em Jesus, Deus se fez presente no íntimo do homem e o
alimenta com a sua própria vida.
Desde já, a mesa do Reino torna-se acessível
a todos, contanto que acolham, no poder daquele que fez todas as coisas, a
Palavra transformadora e renovadora do Evangelho. Na celebração da Ceia, Cristo
está presente no dom de si mesmo, Ele que nos diz: “Eu sou o pão vivo que
desceu do céu. Quem come deste pão viverá eternamente. E o pão que eu darei é o
meu corpo, para a vida do mundo” (Jo 6,51s).
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