Reflexão do Evangelho de quinta-feira 17 de dezembro



Reflexão do Evangelho de quinta-feira 17 de dezembro
Mt 1, 1-17 – Genealogia de Jesus


       O sentido e a importância das genealogias na Bíblia são bem conhecidos. Ao falar da genealogia de Jesus, o Evangelista S. Mateus apresenta o Antigo Testamento como um relato da presença de Deus ao longo da história. Na certeza do cumprimento das promessas divinas, feitas e reiteradas através dos tempos, não só se chega ao conhecimento de um mistério isolado, mas também, para além da trama dos fatos históricos, ao vulto do Inefável, que se revela de maneira sempre mais forte e nítida.
Evidentemente, o mistério permanece insondável e grandioso. No entanto, nossos corações são aquecidos pelo fato de que o Filho de Deus, vida plena e verdade perfeita, veio até nós, para nos revelar, através de sua pessoa e missão, o plano do amor infinito de Deus Pai. Ao assumir a nossa humanidade no seio da Virgem Maria, Jesus atesta não ser alheio aos laços humanos, pois Maria, sua mãe, tem uma história, que se insere na vida religiosa do seu povo. E não só. Por ocasião do seu nascimento, José, seu pai adotivo, lhe dá um nome, situando-o, segundo costume judaico, na cadeia das gerações precedentes, desde Abraão. Realizam-se, assim, as promessas e as esperanças de Israel: nele, toda humana criatura encontra o segredo da verdadeira e interminável vida, e todos os povos e nações constituem, com Israel, um único povo. Nesse sentido, S. Cirilo de Alexandria recorda que “Abraão é figura dos dois povos, o judaico e o gentílico, que haveriam de crer em Cristo”.
Na longa série de gerações, síntese de uma história palpitante, as figuras enunciadas levam a uma sempre melhor compreensão do Messias, que, na plenitude dos tempos, através da pregação e obras de Jesus, se revela presença humana do Deus celeste, nuvem gloriosa que não apenas envolve o alto do monte Sinai ou o Arca da Aliança; Ele é a divina Nuvem (shekinah), que torna presente o soberano desígnio do amor de Deus Pai, pois, segundo Severo de Antioquia, “Ele participa da nossa natureza humana e cumpre todas as esperanças colocadas nele”.
         Portanto, o nascimento de Jesus, por ação do Espírito de Deus, é a culminância profética e santa da História da Salvação; é a intervenção decisiva de Deus na história da humanidade. A descrição genealógica, feita pelo evangelista, serve ao projeto de evidenciar a verdade de que Jesus é o Messias, rei e salvador da humanidade, “nascido da família de Davi, segundo a carne” (Rm 1,3) e descendente de Abraão, pai de todos os povos.

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