Reflexão do Evangelho de segunda-feira 14 de dezembro



Reflexão do Evangelho de segunda-feira 14 de dezembro
Mt 21, 23-27 - Perguntas sobre a autoridade de Jesus


       Certa feita, os chefes dos sacerdotes e os anciãos do povo aproximaram-se de Jesus para perguntar-lhe: “Com que autoridade fazes isso? Quem te deu tal autoridade? ” Para os gregos e romanos a autoridade era sinal de poder, obtido e consolidado pela força; para Israel a autoridade era dom concedido por Deus em vista de uma missão. Pois bem, desde os primeiros momentos de sua missão, Jesus, que veio não como juiz, mas como salvador, surpreende seus ouvintes, pois falava não como os fariseus e escribas, mas com autoridade.  Os próprios escribas ficam pasmos ao ouvi-lo dizer que “onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome eu estarei no meio deles”, porque eles próprios ensinavam que “se dois ou três estiverem unidos para estudar a Lei, Deus viverá no meio deles (Schekinah)” (Avot III,2). Perguntam-se: não estaria Jesus se colocando no lugar de Deus? Tal suspeita era confirmada pelo fato de Ele acolher os pecadores e exercer o poder de perdoar os pecados, privilégio reservado a Deus. Em outras palavras, seu modo soberano de agir lhes era totalmente incompreensível.
       E Ele vai além. Para o povo de Israel, a paternidade de Deus traduz intimidade e reciprocidade de conhecimento, que supera toda experiência humana. Ora, eis que o Profeta de Nazaré fala de que nele nós podemos chegar a conhecer Deus como Ele sempre nos conheceu. Por isso, preocupados e até certo ponto escandalizados, eles insistem para que Jesus lhes diga com que autoridade ensinava tais coisas. Segundo o estilo rabínico, Ele lhes responde através de uma pergunta. Não é que Ele não pudesse satisfazê-los, mas, segundo S. Hilário de Poitiers, “Ele queria que eles antes lhe respondessem: se o batismo de João Batista vinha do céu ou dos homens. ” Sem dúvida, eles hesitavam, “pois caso confessassem que ele vinha do céu, estariam se reconhecendo culpáveis por não terem acreditado na autoridade de uma testemunha que vinha do céu. Caso dissessem que vinha dos homens, temiam a multidão, que considerava João como um profeta. Receosos e desejando despistar, eles confessam a verdade sobre eles mesmos, sua incredulidade”.
Na realidade, como o batismo e a pregação de João Batista tinham grande repercussão, é inconcebível que eles os ignorassem. Portanto, ao dizerem que “não sabiam”, eles se desmoralizaram diante do povo, e, negando sua própria autoridade, deixaram intacta a de Jesus, que, como o seu Precursor, é considerado pelo povo como “enviado de Deus”, vindo ‘para pregar o Evangelho de conversão e abrir as portas do Reino de Deus para todos.

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