Reflexão do Evangelho de sexta-feira 18 de dezembro



Reflexão do Evangelho de sexta-feira 18 de dezembro
Mt 1, 18-23 - José, esposo de Maria e pai adotivo de Jesus


Na plenitude dos tempos, o Filho de Deus se encarnou no seio puríssimo da Virgem Maria. Realizam-se as promessas de Israel, anunciadas ao longo do Antigo Testamento, pois aquele que nasceu de Maria é o filho de Davi e de Abraão, pai de todos os povos. Assim, embora profundamente judeu em suas concepções, o Evangelho de S. Mateus apresenta uma rigorosa interpretação missionária e universalista da fé da Igreja nascente. Mesmo quando descreve a árvore genealógica de Jesus, Mateus procura não só demonstrar a pertença de José à família de Davi, mas também realçar que o reino de Jesus vai muito além das promessas feitas a Davi: seu reino é o reino do próprio Deus.
       “Quem nem os céus podem conter” revela-se como aquele que se aproxima dos homens, “como nenhum outro Deus se aproximou do seu povo”. A vinda pessoal do Filho de Deus, que se tornou um dentre nós, afasta a tentação de pensar Deus como um divino impessoal, ou a tentação de separar Deus dos homens sem que houvesse entre eles a possibilidade de comunicação. Em Jesus, Deus está conosco e nós nos tornamos seu povo, do qual Ele é o seu Deus. Nessa sua missão, são também de essencial importância os portadores humanos, desde os profetas e patriarcas até José e Maria, que com o seu sim permitiu a união plena do divino e do humano. Ela tornou-se assim representante das esperanças da humanidade, e seu pai adotivo, José, nas palavras do Papa Bento XVI, “representante da fidelidade de Deus em relação a Israel”.
 A figura silenciosa e leal de José manifesta grandeza de alma e fidelidade aos planos de Deus. Longe de condenar Maria, vendo-a grávida, ele guarda respeitoso segredo. A esse respeito, observa S. Jerônimo: “Como pode José ser declarado ‘justo’, se ele escondeu a falta de sua esposa? Longe disso. É um testemunho em favor de Maria. José, conhecendo sua castidade e tocado pelo que lhe sucede, esconde, por seu silêncio, o acontecimento do qual ele ignora o mistério”. Perante o fato inexplicável da concepção de sua esposa, ele reconhece e respeita o mistério anunciado pelos profetas: “Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho e o chamarão com o nome de Emanuel”. 
       José estranha a atitude reservada da sua desposada. Não se julga, porém, autorizado a levantar o véu do mistério. Seus olhos refletem a fadiga das noites que passa angustiado e sem dormir, e eis que nos limites da desolação, pensando em deixá-la, aparece-lhe em sonho um Anjo do Senhor: “José, filho de Davi, não temas receber em tua casa Maria, tua esposa, pois o que nela foi concebido é obra do Espírito Santo”. O carpinteiro, homem simples e trabalhador, recebe o tratamento de um descendente de reis. Não contesta nem se orgulha, simplesmente ouve a voz do mistério e a guarda no sacrário da sua consciência. Não mais alimenta dúvidas, traz a certeza de que não era apenas um sonho, mas sim uma mensagem de Deus. A alegria é grande, ultrapassa de longe a angústia que o atormentava. E sem nada dizer, na obscuridade de um sim grandioso, ressoa igualmente em sua alma o “fiat” de Maria, em cujo seio crescia “a árvore do paraíso que abrigaria o mundo inteiro e iria oferecer seus frutos a todos, de longe e de perto” (S. Efrém).

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