Reflexão do Evangelho de Lc 12, 35-38 - Prontidão para o retorno do Mestre - Terça-feira 21 de Outubro

Reflexão do Evangelho de Lc 12, 35-38 - Prontidão para o retorno do Mestre
Terça-feira 21 de Outubro
      
       O eterno e o infinito adquirem semblante e voz humana no Filho de Deus, nascido de Maria. Ele, revelação plena de Deus, entra em nossa história e comunica o Evangelho do amor e da misericórdia, que nos permite fazer parte da única contemplação do Pai, feito nosso Pai, em seu Filho, que se fez nosso irmão. Em sua vida pública, Ele nos prepara espiritualmente para seu retorno em glória, no fim dos tempos.
Para melhor compreendê-lo, Ele conta a parábola do “retorno de um senhor” após a festa de núpcias. Felizes os que estavam preparados para recebê-lo. O mesmo acontecerá com a vinda do Filho do Homem, que virá quando menos se espera, e oferecerá àqueles que estiverem vigilantes seu Reino de paz e de justiça. Eles, porém, correm o risco de perdê-lo, caso não se preparem devidamente para a sua vinda ou, como diz o Evangelho, não tiverem “os rins cingidos e as lâmpadas acesas”.
A expressão trazer “lâmpadas acesas”, segundo S. Agostinho, significa manter-se vigilante mediante a prática das boas obras, e a cuidadosa instrução dada a Moisés e a Aarão, no tocante à Páscoa: “ter os rins cingidos”, significa conservar-se na disposição virtuosa de quem se orienta de acordo com a reta razão e não se deixa guiar pelos movimentos impetuosos das paixões. Nesse sentido, vigilância é compreendida como libertar-se do egoísmo e abrir-se ao amor a Deus e ao próximo, pelo que o “discípulo, conclui S. Agostinho, será recompensado, pois terá vencido o que a paixão sugeria e terá cumprido o que a caridade ordenava”.  
       O discurso escatológico de Jesus sobre a necessidade de vigiar culmina com uma exigência prática: colocar-se nos ternos e misericordiosos horizontes de Deus. Portanto, quem é vigilante deixa-se guiar pelo amor divino, que o coloca, como proclama S. Francisco de Assis, “no cumprimento da santíssima vontade do Pai”. Ele será, como “luz do mundo” e “sal da terra”, imensa reserva de silêncio, de paz e de verdadeira vida para toda a humanidade. Concretiza-se a criação boa e durável da história. Para os que não conheceram a luz cristã nesta vida, a salvação continua a ser presença do mistério da misericórdia divina. À luz da fé, nós cremos que, objetivamente, a humanidade inteira participa da luz da Transfiguração de Jesus, guardando sempre o pressuposto da liberdade e de uma vida iluminada e guiada por uma consciência reta e justa. Assim cada pessoa, conduzida pelo Espírito divino, é chamada a celebrar a vida e, no abismo da divina sabedoria, viver a vertigem do amor e da misericórdia.   


Dom Fernando Antônio Figueiredo, o.f.m.

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