Reflexão do Evangelho de Mt 21, 33-43 - Parábola dos vinhateiros homicidas - Domingo 05 de Outubro
Reflexão do
Evangelho de Mt 21, 33-43 - Parábola dos vinhateiros homicidas
Domingo 05 de Outubro
Ao
refletir paz, calor interior, luz divina e misericórdia, as parábolas retratam a
benevolência e o carinho de Jesus para com todos. Na medida em que as lemos, afastam-se
de nós a frieza interior e a insensibilidade da alma, e implantam-se em nossos
corações as Leis do Reino de Deus, realidade espiritual, que infunde alegria, coragem
e segurança. Na presente parábola,
existem inúmeros detalhes alegóricos, que enriquecem o relato e nos conduzem a
estabelecer uma relação estreita com o povo de Israel, descrito por Isaías como
a vinha de Deus.
Ao descrever o
envio de numerosos mensageiros à sua vinha, Jesus assinala a solicitude e o carinhoso
cuidado do Pai com o seu povo. Porém, os vinhateiros, arrendatários da vinha, armam-se
de agressiva violência e tributam aos mensageiros o mesmo tratamento dado aos profetas:
rejeitando-os, maltratam-nos e chegam mesmo a matar alguns deles. Se alguém
retorna ao dono da vinha, a quem cabe parte dos frutos, suas mãos encontram-se vazias.
E é “o tempo dos frutos”. S. João Crisóstomo comenta: “Apesar de terem sido
objeto de uma tão grande solicitude, os vinhateiros, representando o povo da
Aliança, superaram os pecadores e os publicanos, em sua atitude sanguinária e
isto desde o início”.
A
crueldade chega ao auge. O Pai envia então seu próprio filho, designado como “o
herdeiro”, “imaginando: ‘irão poupar o meu filho”’. No entanto, movidos pelo desejo de se apoderarem
da herança, os vinhateiros, “agarrando-o, lançam-no para fora da vinha e o
matam”. Clara alusão a Jesus, o Filho do Altíssimo, o Herdeiro enviado pelo Pai
celestial, que será rejeitado e morto pelos seus concidadãos. “Por isso,
comenta S. Irineu, o Pai consignou a vinha, já não mais cercada, mas dilatada
por todo o mundo, a outros colonos que dêem fruto ao seu tempo, com a torre de
eleição levantada no alto firme e formosa; porque em todas as partes
resplandece a Igreja; e, em cada lugar, está cavado, ao redor, o lagar, pois
sempre há os que recebem o Espírito”.
Destituídos
os primeiros arrendatários, a responsabilidade do Reino é transferida a outro povo
que, qual nova plantação de Deus, produza frutos, em seu devido tempo. Um novo
povo então é instituído em aliança no sangue versado por Jesus no madeiro da
cruz. Exclama S. Agostinho: “Que se desperte no homem ‘a sede interior’, que se
lhe abra ‘o olhar interior’ e ele possa contemplar a luz, luz que ninguém
poderá obscurecer”. Lançada fora, a pedra torna-se pedra angular do novo povo
que, permanecendo em profunda e inenarrável comunhão com Deus, é regenerado e
restaurado em sua grandeza. Em Cristo, ele se torna coerdeiro do Reino dos Céus
e produzirá “frutos do Espírito” (Gl 5,22).
Dom Fernando Antônio Figueiredo,
o.f.m.
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