Reflexão do Evangelho de Lc 13, 22-30 - A porta estreita - Quarta-feira 29 de Outubro
Reflexão do Evangelho
de Lc 13, 22-30 - A porta estreita
Quarta-feira 29 de Outubro
A
caminho de Jerusalém, alguém pergunta a Jesus: “Senhor, é
pequeno o número dos que se salvam?” Sua resposta mostra que o mais importante
não é saber quantos entrarão no Reino de Deus, mas é decidir-se por Deus. Por
isso, responde-lhes: “Esforçai-vos por entrar pela porta estreita, pois eu vos
digo que muitos procurarão entrar e não conseguirão”. O interlocutor, diz S.
Cirilo de Alexandria, “queria saber se seriam poucos os que se salvariam, mas
Jesus lhe fala da estrada que conduz à salvação”. Ao se referir à porta
estreita, Ele está indicando, destacam os Padres, a “porta do céu”, que só pode
ser transposta por uma fé firme em Deus e uma moralidade isenta de mácula. De
fato, esta é “a nossa porta”, presente no sonho de Jacó, embora invisível aos
nossos olhos, que se abre para o átrio divino.
S. Jerônimo nos diz que passar por ela
significa estar vigilante “para o dia do julgamento, o que exige de nós a
necessidade de mantermos constantemente a lâmpada acesa pela luz de nossas boas
obras”, ou guardar o jejum, “graças ao qual se rechaça com energia a perdição”.
A decisão e não o número dos que hão de se salvar é o mais importante. Daí a
intenção de Jesus: compelir todos a um esforço deliberado para entrar pela porta
estreita, porque larga é a porta e espaçoso o caminho reservados aos que, por
seu comportamento pecaminoso, ignoram a Lei.
A porta estreita é a porta decisiva, pois ela é o próprio Jesus, cujo
desejo é que todos ouçam o seu apelo, abracem a sua mensagem e possam passar
por ela. Não basta dizer: “Comemos e bebemos contigo, e ensinaste em nossas
praças”. É preciso acolher a salvação oferecida por Ele. Nesse sentido, S.
Agostinho escreve que “o alimento que se come e se bebe, ao longo do caminho da
vida, é Cristo, o Cordeiro imaculado. Oxalá, todos dele se alimentem de modo a
não merecerem o castigo!” A afirmação
feita no final do texto: “Eis que há os últimos que serão primeiros, e
primeiros que serão últimos”, anuncia a eleição dos que virão, os povos pagãos.
No entanto, a expressão “há primeiros” é partitiva, o que sugere a existência
de outros primeiros, também israelitas, os quais, por sua adesão a Cristo,
continuarão a ser os primeiros. Igualmente, os últimos, os pagãos, nem todos
serão, automaticamente, admitidos na Aliança de Abraão.
Dom Fernando Antônio Figueiredo, o.f.m.
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