Reflexão do Evangelho de Mt 22, 34-40 - O maior mandamento - Domingo 26 de Outubro
Reflexão do Evangelho de Mt 22, 34-40 - O maior mandamento
Domingo 26 de Outubro
Jesus
nos fala da primazia do amor, o que leva Santo Agostinho a dizer que “todos os
preceitos do amor são de tal natureza, que se o homem crê ter feito algo bom,
mas sem caridade, ele totalmente se equivoca”. É a exigência de amar a Deus com
toda a sua alma, com toda a sua mente, com toda a sua força. Orígenes reforça
essa ideia: “Amar ao Senhor não só é o maior mandamento, mas também o primeiro
de todos”.
Ao longo
de todo o Novo Testamento, usando parábolas ou as próprias ações, Jesus dá
diversas demonstrações de amor, compaixão, generosidade, misericórdia. Com
isso, Ele quer nos mostrar a infinita capacidade de amar do Pai.
São
Basílio Magno escreveu que da força do amor “emerge a morte às idolatrias do
pecado. Na ordem do ser, ao orgulho e à vaidade, e, na ordem do ter, às posses
materiais e honrarias”. É a renúncia aos falsos deuses que criamos ao longo da
vida. É a aceitação de que as palavras de Jesus precisam se transformar em atos
pessoais para que alcancemos o amor de Deus. E então, como já disse São João
Crisóstomo, mergulhados no amor ao Pai, reconhecemos que a majestade de Deus se
honra melhor com o serviço humilde ao próximo e não só com palavras. O Apóstolo
São Paulo confirma que “a esperança não engana, porque o amor de Deus foi
derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Rm 5,5).
O amor a
Deus expressa-se no amor ao próximo. Com efeito, este sentimento nos invade de
tal modo que é pelo próprio amor de Deus que amamos aos nossos semelhantes,
sejam eles quem forem. Isso vale mais do que todos os sacrifícios praticados em
seu nome. Para explicar a um doutor da Lei o que é ser próximo, Jesus conta a
seguir, segundo o evangelho de S. Lucas, a parábola do bom samaritano. Ele fala
de um homem ferido por assaltantes, que jaz no meio de uma estrada. Três passam
por ele. Os dois primeiros mostram-se indiferentes e seguem adiante sem
socorrê-lo. O terceiro, movido pela compaixão, cuida do agonizante com desvelo.
E este homem de bom coração é justamente um samaritano, considerado pelos
judeus como estrangeiro. Pergunta Jesus: “Qual dos três foi o próximo do homem
que caiu nas mãos dos assaltantes?”. O homem da Lei compreende o sentido da
parábola e responde: “Aquele que usou de misericórdia com ele”. Jesus então lhe
diz: “Vai, e faze tu o mesmo”.
Nossa
capacidade de amar ao próximo está intimamente relacionada à nossa capacidade
de amar a Deus. A propósito disso, escreveu Doroteu de Gaza: “Eis a natureza do
amor: quando nos afastamos do centro e não amamos a Deus, igualmente nos
afastamos do próximo. Mas, se amamos a Deus, quanto mais nos avizinhamos a Ele,
por amor, tanto mais estaremos unidos ao próximo, no amor”. Viver esta união é
formar um só corpo, ou, como prega São Paulo, “somos membros uns dos outros”.
Único corpo, ilimitado, no qual o amor circula como uma espécie de sangue
divino e humano. É a transcrição na humanidade da comunhão trinitária.
O ser
humano, quando tocado por Jesus, jamais estará separado, isolado. Ele se
santifica e cresce na comunhão com Deus, sem nunca estar separado de seus
semelhantes. De fato, a oração e o amor integram as pessoas entre si e
contribuem para que cada uma realize seu progresso espiritual. A meta que as
impulsiona a crescer é a busca da felicidade ou, no dizer de S. Francisco de
Assis, da alegria perfeita, fim último de suas diversas atividades. Efetiva-se
assim a suave serenidade do amor a Deus e ao próximo.
Dom
Fernando Antônio Figueiredo, o.f.m.
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