Reflexão do Evangelho de Mt 5, 1-12 - As bem-aventuranças (Todos os Santos) - Sábado 01 de Novembro
Reflexão do Evangelho
de Mt 5, 1-12 - As bem-aventuranças (Todos os Santos)
Sábado 01 de Novembro
No
alto de uma colina, Jesus sentou-se e como mestre pôs-se a ensinar a multidão
que o acompanhava. “E nos corações dos discípulos, salienta São Leão Magno, a
mão veloz do Verbo escrevia os decretos da nova Aliança”, para todos os povos.
São as bem-aventuranças.
O termo grego “makários” (bem-aventurado), que
corresponde a “baruk”, em hebraico, é empregado para expressar paz, felicidade
e bênção. Por oito vezes, Jesus o repete para designar o ideal do verdadeiro
discípulo: a serenidade no tempo presente e a felicidade eterna na visão de
Deus. O desejo de Jesus é comunicar aos discípulos a paz nesta terra e,
especialmente, conduzi-los à bem-aventurança perfeita do céu, já participada
aqui e agora, em meio aos sofrimentos e perseguições. Nesse sentido, a
bem-aventurança é definida por S. Gregório de Nissa como “a vida pura e sem
mistura. Ela é o bem inefável, inconcebível, a inexprimível beleza, o poder que
está acima de tudo, o único desejo, a realidade sem declínio, a exaltação sem
fim”.
Composição em prosa
ritmada, as bem-aventuranças não querem expressar um programa para organizar a
sociedade, mas estabelecer as condições indispensáveis para participar do reino
messiânico. Elas são um admirável apelo à conversão e revelam o que provocou o
incêndio do Evangelho em inumeráveis corações: seguir Jesus em sua comunhão com
o Pai. Na realidade, as quatro primeiras bem-aventuranças ressaltam o primado
de Deus ou o seu reinado, absolutamente superior a tudo o que é passageiro, sem
desprezar as alegrias terrenas, frágeis e precárias. Os discípulos são
encorajados a deixar-se guiar pela liberdade interior, em que as paixões se
calam e os impulsos da alma se transformam em caridade. Então, invadidos pela
luz divina, eles são introduzidos na Terra Prometida, recebida como herança, para
trabalhar em favor da paz e compartilhar, na caridade, a vida dos que têm fome
e sede de justiça.
As quatro seguintes
bem-aventuranças proclamam o amor fiel (hesed)
dos que vivem as instruções e os ensinamentos do Senhor. Por conseguinte, as
bem-aventuranças são a resposta humana ao amor de Deus, e expressam o grito de
esperança, que os pobres em espírito (anawe ruah) dirigem a Deus. Vivendo-as, eles
atingem a liberdade interior e suas almas, qual lago tranquilo, refletem o
rosto do Cristo misericordioso, puro de coração e promotor da paz. Eis a presença
do reinado de Deus, apenas iniciado com a vinda de Jesus!
Dom Fernando Antônio
Figueiredo, o.f.m.
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