Reflexão do Evangelho do dia 11 de Fevereiro de 2013


Segunda-feira – 11 de fevereiro
Mc 6, 53-56: Curas ao redor de Genesaré

              Uma vez mais, Jesus encontra-se na região da Galileia, mais precisamente, em Genesaré, vasta faixa de terra fértil, situada na planície de Genesar, na margem ocidental do lago do mesmo nome. Além da multiplicação dos pães e do fato de caminhar sobre as ondas do mar, ele realiza aí muitos outros milagres. Admirado, o povo o considera mais do que um simples taumaturgo e, maravilhado com os seus ensinamentos, compara-o a Moisés, que com autoridade falava ao povo, no deserto. À mente de todos, surge a questão: não é ele o Messias? O milagre provoca curiosidade e espanto. O povo vê-se diante do inaudito e do estupendo, manifestações do milagre, que os encanta e os inebria, deixando, no entanto, na penumbra, o essencial. S. Agostinho observa: “O milagre é, principalmente, sinal da presença atuante de Deus em nossa história”. No milagre revela-se a singular filiação divina de Jesus, Filho Unigênito de Deus Pai.
Por isso, ao realizar um milagre, Jesus impõe, previamente, uma condição: ter fé, confiar em Deus e colocar-se totalmente em suas mãos. Pois, como sinal da ação divina, o milagre atesta o imenso amor de Deus, presente no mistério da Encarnação do Filho de Deus e manifestado, em plenitude, em sua Morte e Ressurreição. Mas urge purificar o coração e a mente, lançando fora, diz S. Agostinho, “a areia dos olhos, pois, para ver a luz, é necessário primeiramente limpá-los”.
Na paciência do amor, Jesus prepara seus Apóstolos. Poucas horas antes de morrer, em meio ao tumulto dos que irão prendê-lo, interiormente reina uma calma muito tranquila. Na celebração da última Ceia, olhando os Apóstolos, ele diz: “Desejei ardentemente passar esta Páscoa convosco”. Olhares fixos em Jesus. Suas palavras aceleram o sangue de seus corações. Elas prenunciam sua morte e ressurreição, mistério perpetuado na Eucaristia, presença de seu amor e de sua doação total ao Pai em favor da humanidade inteira. O coração dos Apóstolos se dilata, não há mais relação a dois, mas a três: “Amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei”. O amor eros transfigura-se no amor ágape, que provindo de Deus a ele retorna, passando pelo próximo.   
            Um ligeiro suspiro de agradecimento eleva-se. Pela Eucaristia, eles não só o recebem em sua vida, mas o próprio Jesus vem a eles, transformando-os entitativamente. União mística, inebriante, louvada pelo Apóstolo S. Paulo, ao dizer: “Não sou eu quem vive, é Cristo que vive em mim”, e exaltada por S. Agostinho, ao exclamar: “Tornamo-nos aquele que recebemos”. A vida de Jesus, “vida doada, que deixa o túmulo vazio, e vence a morte”, faz do milagre um convite para acolher o amor, com confiança e humildade. 

Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM

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