Reflexão do Evangelho do dia 13 de Fevereiro 2013
Quarta-feira – 13 de fevereiro
Mt 6, 1-6.16-18: A esmola em segredo
Para os judeus, a oração, o jejum e
a vigilância eram as colunas mestras da vida religiosa e constituíam os sinais
característicos da pessoa piedosa. Porém, no tempo de Jesus, muitos os
praticavam com o simples intuito de se mostrarem justos, sem um correlato
interior. Era pura ostentação. Para Jesus, a verdadeira piedade é mais do que
parecer bom ou santo. Na paciência do amor, ele adverte: “Guardai-vos de
praticar a vossa justiça diante dos homens para serdes vistos por eles”. Ao
invés, para evitar uma piedade puramente formal, ele aponta como referência
essencial de suas ações: Deus e os irmãos.
Por isso, para os discípulos, a vanglória ou a vaidade, jamais
serão parâmetros de suas atividades. Nas obras realizadas por eles
resplandecerá a glória de Deus, pois o que fazem é diante de Deus e não para
serem vistos pelos homens. Comenta S. João Crisóstomo, referindo-se às palavras
do Senhor sobre a esmola: “Uma pessoa pode de fato dar esmola diante dos
homens, sem ter a intenção de ser vista. Como também pode dar esmola em
segredo, mas desejando ser vista pelos homens. Por isso o Senhor não considera
só o ato de dar esmola em si mesmo, mas acrescenta a vontade presente no ato de
dá-la. O que conta mesmo é a vontade que acarreta punição ou recompensa”. A
questão crucial é a liberdade optativa. Graças ao exercício do querer reto,
justo e puro, ela provoca o movimento da vontade no caminho da perfeição.
Nesse sentido, S. Gregório de Nissa pergunta: “Desejas uma
glória imortal? Mostra tua vida, no segredo, àquele que é suficientemente
poderoso para proporcionar a glória que desejas. Tens medo de uma vergonha
eterna? Tema aquele que manifestará tua vergonha, no Dia do Julgamento”. Escreve
um autor anônimo, nos primeiros anos da vida da Igreja: “Deus reside no segredo
do coração e não num lugar secreto. É o próprio Deus que revela o bem realizado
nesta vida e na outra glorificará quem o fez, pois a glória é de Deus”.
Por conseguinte, as exortações e
recomendações do Senhor têm um objetivo preciso: conduzir os discípulos à
comunhão com Deus para viverem, na gratuidade, sua vida escondida no mistério
do amor divino. Pois é no silêncio da alma, “no segredo do coração”, que nos
encontramos com o Filho unigênito do Pai eterno, no qual vivemos e, realmente,
rezamos, jejuamos e damos esmola. Movem-nos uma fé viva, uma esperança firme e
uma caridade ardente.
Dom Fernando
Antônio Figueiredo, OFM
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