Reflexão do Evangelho do dia 12 de Fevereiro de 2013


Terça-feira – 12 de fevereiro
Mc 7, 1-13: Discussão sobre as tradições farisaicas
           
            Os pensamentos dos que o rodeiam e suas considerações evasivas não passam despercebidos, pois Jesus conhece “até suas intenções interiores mais profundas” (S. Clemente de Roma). Por isso, a pouco e pouco, ele leva seus discípulos a se desprenderem das práticas farisaicas, meramente exteriores e insuficientes. Os fariseus impunham um fardo insuportável ao povo, constrangendo-o a que o recebessem. O mandamento do amor, apregoado pelo Senhor, situa-se acima das prescrições e sacrifícios, pois o Pai rejeita ser honrado a expensas do amor devido ao próximo. Ouvindo-o, a multidão, dominada por uma visão estreita, é sacudida por um vento suave, porém gélido. Se a novidade a alegra, não deixa, igualmente, de assustá-la, desde o momento em que ela nota ser Jesus, abertamente, contrário aos escribas e fariseus. Mas algo maravilhoso dá-se, no instante de silêncio, que se segue. Uma luz interior a envolve e a multidão vislumbra o amor que, anunciado pelo Senhor, supera toda intransigência e falso legalismo.
            Descortinam-se novos horizontes. Jesus vai dos lábios ao coração, dos costumes humanos aos mandamentos e, portanto, à vontade do Pai. Escreve Orígenes: “Tornamo-nos impuros pelo que sai de nossos lábios, não pelo que entra em nossa boca”. O próprio Jesus admoesta os fariseus: “Vós purificais o exterior do copo e do prato, e por dentro estais cheios de rapina e de perversidade”. É o vazio do coração do homem, guiado por desvios egoístas, mascarados por pretextos piedosos. A hipocrisia é denunciada e condenada.
As práticas exteriores não são simples e puramente condenadas, mas, colocadas em seu devido lugar, deverão ser realizadas com equilíbrio, conteúdo e sentido. Restabelece-se a necessária hierarquia. Parte-se do exterior ao interior, do material ao espiritual, para chegar à pureza do coração, buscada e intensamente vivida pelos Padres do deserto. Por isso, a voz do Senhor eleva-se, alertando contra todo tipo de duplicidade e falsidade. Ao Senhor só se pode procurar com uma intenção reta, íntegra e total. A prática do primeiro e maior mandamento da Lei de Deus orienta a vida do cristão e jamais pode ser eclipsada, sobretudo, pelos maus desejos provenientes do interior do coração. Contra o que fala Jesus bradam os fariseus, enquanto a multidão se rende aos seus ensinamentos. Ao menos, temporariamente.

Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM

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