Reflexão do Evangelho do dia 15 de Fevereiro de 2013
Sexta-feira – 15 de fevereiro
Mt 9, 14-15: Discurso sobre o jejum
Em seu fervor, os discípulos de João e
os fariseus multiplicam jejuns e orações. Os profetas, porém, insistiam menos
sobre a severidade do jejum e muito mais sobre a conduta justa e caritativa
para com o próximo. Jesus jejuou por quarenta dias, no deserto, para mostrar
que “o homem não vive só de pão, mas de toda palavra que sai da boca de Deus”. A
voz dos profetas plenifica-se. Pois, ao jejuar, Jesus sugere uma mudança, senão
um novo relacionamento com Deus e com o mundo.
No
entanto, presos às prescrições da Lei e rejeitando os ensinamentos de Jesus, os
fariseus não compreendem a razão de “os discípulos não jejuarem”. Jesus, presença
da ternura de Deus, quer revelar-se. É ele o esposo, descrito pelas Escrituras.
Os discípulos são os amigos do noivo e participam da graça que salva. Agora, enquanto
ele estiver no meio deles, eles não são obrigados a jejuar. S. Hilário comenta:
“Este fato demonstra a alegria dos discípulos com a presença de Jesus”. Presença
de Jesus, que se estende pelos três anos de seu ministério público. Nesse
período não se há de jejuar. A resposta de Jesus é clara. O Esposo está lá e
com Ele o tempo messiânico, tempo de núpcias, de abundância e de alegria. Ao
dizer: “quando Ele lhes for tirado”, Jesus evoca sua morte, também sua
Ascensão. Eles então jejuarão. Pelo jejum, o olhar dos discípulos não se prenderá
à realidade terrena, mas será elevado à contemplação de Deus e eles passarão a
ter fome da bondade e da misericórdia, do perdão e do amor.
A seguir, o texto bíblico refere-se ao “remendo de pano novo em roupa
velha em que o rasgo se torna maior” ou do “vinho novo em odres velhos”, o que
provocaria o rompimento destes últimos. S. João Crisóstomo reporta-se a esta
citação para lembrar o fato de “os discípulos não estarem suficientemente
fortes e terem necessidade de muita condescendência. Não tinham ainda sido
renovados e fortalecidos pelo Espírito Santo”. “Só então jejuarão”, declara S.
Basílio Magno. Jejuarão “para proclamar que suas vidas estão orientadas para as
realidades que ultrapassam os bens simplesmente materiais e carnais”.
Por conseguinte, a vida cristã, presente no meio do mundo, não deixa
jamais de anunciar as realidades espirituais. O jejum torna o discípulo mais
leve e o seu coração ardente de amor a Deus e ao próximo. Sua vida assinala
verdadeira liberdade diante do que é terreno e material, pois seu coração só
encontra felicidade e paz em Deus. Certa vez, o abade Pambo interrogou o abade
Antônio: “O que devo fazer? O ancião lhe disse: Não confies na tua justiça, não
te aflijas com o passado, mas ponhas freio à tua língua e ao teu ventre”.
Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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